Caros Associadas e Associados, Colegas e Amigos,

A APRH procura promover e envolver-se de forma ativa em projetos que reforçam o seu posicionamento enquanto associação científica e técnica de referência. O destaque desta edição dedica-se ao projeto “PANDDA”, na temática da água e do desenvolvimento sustentável, com financiamento do Fundo Ambiental e em curso até novembro de 2021. Este projeto é coordenado pela APRH, tem como parceiros a Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz e os Serviços Municipalizados de Torres Vedras e lança o desafio da redução do consumo de água a cerca de 80 famílias. A primeira sessão de apresentação deste projeto será amanhã (16/10/2021 – 10h30-12h00) na ESCO-Escola de Serviços e Comércio do Oeste (Torres Vedras) e estão todos convidados a participar!

Nesta edição faz-se particular referência à Última Aula do Professor Fernando Veloso Gomes, que decorreu no passado dia 1 de outubro. “Litoral, Dinâmicas, Narrativas, Riscos e Desafios” foi o tema desta aula que juntou no Auditório da Faculdade de Engenharia da Universidade Porto (FEUP) diversas personalidades, colegas, (antigos) alunos e amigos. Celebrou-se uma vida académica de cerca de 50 anos deste associado da APRH, Professor Catedrático com uma carreira académica e profissional ímpar e marcante.

Esta semana divulgamos mais um artigo de opinião intitulado "A conectividade fluvial em Portugal - II: medidas de mitigação e direções futuras", elaborado pela Comissão Especializada da Qualidade da Água e dos Ecossistemas (CEQAE) e o projeto “Sentinelas da Água”, para o qual a APRH deu o seu contributo.

Com o objetivo de ir ao encontro dos interesses dos nossos Associados, integram-se notícias e temas relacionados com os recursos hídricos para leitura e reflexão. Recorda-se o desafio que tem vindo a ser feito a todos os Associados Individuais e Coletivos da APRH, para partilharem ideias/opiniões através de notícias ou artigos de opinião (com a dimensão máxima de 1 página A4 a enviar para aprh@aprh.pt).

Com as melhores saudações associativas,

Desejamos a todos um ótimo fim-de-semana!

 

PANDA

Num contexto de mudanças climáticas é fundamental que os cidadãos tenham consciência dos problemas da escassez da água e que todos possamos contribuir para o equilíbrio do ciclo da água. A APRH está a coordenar um projeto destinado a cidadãos, com financiamento do Fundo Ambiental, na temática da água e do desenvolvimento sustentável, em curso até novembro de 2021.

A APRH e os parceiros do “PANDDA”, a Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz e os Serviços Municipalizados de Torres Vedras vão lançar um desafio a famílias diversificadas, em termos de idade e perfil socioprofissional. Um total de cerca de 80 famílias, divididas pelos concelhos de Reguengos de Monsaraz e Torres Vedras, terão a oportunidade de participar.

Estas famílias irão comprometer-se a reduzir o seu consumo de água, em ambiente doméstico, com base em informações e dispositivos que a APRH irá facultar. As famílias terão que recorrer a toda a sua criatividade e engenho, neste desafio prático que decorrerá na segunda quinzena de outubro. Os resultados do desafio serão conhecidos em novembro. As famílias que se destaquem pelo empenho e compromisso com o Projeto terão acesso a uma Formação Ambiental extra, facultada pela APRH, na albufeira do Alqueva.

Estão previstas duas sessões de apresentação deste projeto, em Torres Vedras e em Reguengos de Monsaraz. A primeira sessão terá lugar no dia 16 de outubro, entre as 10h30 e as 12h00, na ESCO-Escola de Serviços e Comércio do Oeste (Torres Vedras) e estão naturalmente convidados a assistir a esta sessão (Convite).

Mais informação sobre este Projeto estará brevemente disponível no site oficial https://www.aprh.pt/pandda.

Envolva-se!

Cordiais cumprimentos da equipa PANDDA

Artigo de opinião

A conectividade fluvial em Portugal - II: medidas de mitigação e direções futuras

Comissão Especializada da Qualidade da Água e dos Ecossistemas

O método mais simples para restaurar a continuidade fluvial consiste na remoção total ou parcial dos obstáculos fluviais; no entanto, na maior parte das vezes esta ação torna-se impraticável, devido aos benefícios que tais infraestruturas (e as respetivas albufeiras que criam) proporcionam à sociedade. Uma abordagem alternativa consiste na construção de estruturas que permitam o movimento dos peixes para montante e/ou jusante, através do obstáculo ou a circunscrever o mesmo, frequentemente designadas por dispositivos de passagem para peixes. A transposição das espécies piscícolas para montante pode ser efetuada através de três tipos de passagens para peixes: i) passagens tradicionais, i.e. estruturas técnicas do tipo escada, nomeadamente bacias sucessivas com orifício e/ou descarregador, ou de fendas verticais ou ainda com deflectores; ii) passagens naturalizadas, i.e. estruturas que para além de constituírem um corredor migratório, destacam-se por constituírem elas próprias fonte de habitat para as espécies piscícolas, sendo os canais naturalizados (bypasses) e as rampas os exemplos mais comuns; e iii) as passagens especiais, tais como eclusas, ascensores, passagens para enguias, teleféricos, entre outras (Fig. 1).

Figura 1 – Principais tipologias de dispositivos de passagens para peixes (da esquerda para a direita): passagens tradicionais (do tipo bacias sucessivas), passagens naturalizadas (do tipo bypass) e passagens especiais (do tipo ascensor).

Existem atualmente em Portugal 80 dispositivos de passagem para peixes, sendo mais da metade instalada em pequenas centrais hidrelétricas (52%), mas também em pequenos açudes (35%) e grandes barragens (13%). A tipologia mais comum são as passagens de bacias sucessivas (74%), seguidas das passagens naturalizadas (11%), eclusas (8%), sistemas combinados (mais do que um tipo de tipologia, 5%), ascensores (2%) e as passagens para enguias (1%). Quase todos os dispositivos encontram-se localizados no centro e norte do país, sendo que mais da metade (60%) foram construídos após o ano 2000, com destaque para os sistemas combinados (100%), geralmente passagem de bacias sucessivas em associação com ascensor, e para as passagens naturais (83%).

Os principais problemas que estes dispositivos enfrentam, sobretudo as passagens de bacias sucessivas, claramente as mais comuns, tem a ver com a forma como muitos deles foram construídos, consequência da importação de modelos de dispositivos que, embora tenham demonstrado eficácia nas condições e para as espécies para os quais tinham sido originalmente concebidos, nada garantia que tivessem sucesso para as espécies e cursos de água portugueses, maioritariamente dominados por espécies ciprinícolas de pequena a média capacidade natatória. Com efeito um estudo levado a cabo na década passada, demonstrou que mais de metade deste tipo de dispositivos, quase todos instalados em pequenos aproveitamentos hidroelétricos, não são hidraulicamente adequados para a passagem das espécies ciprinícolas; além de que muitos daqueles dispositivos revelaram problemas adicionais relacionados com a falta de manutenção e acesso deficiente, fatores essenciais para que se mantenham operacionais ao longo do ano.

As duas últimas décadas assistiram a um avanço considerável, através de vários estudos experimentais e de campo levados a cabo nas diferentes bacias hidrográficas nacionais, empregando diversas técnicas de monitorização (p.e. observações visuais, vídeo-gravação, utilização de marcas PIT, radio-telemetria, entre outras) no que se refere ao conhecimento da ecologia migratória e do comportamento das espécies ciprinícolas face à presença de dispositivos de passagem para peixes, sobretudo os de bacias sucessivas. A investigação decorrente de todos estes trabalhos tem-se preocupado sobretudo em perceber qual ou quais as configurações de dispositivos de bacias sucessivas que contribuem para um aumento da eficácia dos movimentos para montante e quais as principais variáveis ambientais responsáveis pelo despoletar dos movimentos das espécies através daquele tipo de dispositivos, assim como o respetivo timing sazonal e diário e o comportamento evidenciado na presença dos mesmos.

Contudo, existem ainda diversas lacunas do conhecimento. Por exemplo, a nível do impacto das barreiras fluviais na ictiofauna, tendo em conta a escala da bacia ou sub-bacia, há uma necessidade urgente de se ter em conta os impactos cumulativos e não aditivos produzidos por sequências de barreiras espacialmente interconectadas, a fim de se obter uma abordagem mais robusta para priorizar de forma eficiente a tomada de decisão no planeamento do restauro da continuidade fluvial. Ao nível da remoção de barreiras, e não obstante a criação de um Grupo de Trabalho para a Identificação, Estudo e Planeamento da Remoção de Infraestruturas Hidráulicas Obsoletas, poucos obstáculos (menos de 6) foram até ao momento removidos, esperando-se, contudo, que este número venha a aumentar nos próximos anos, também como resultado da implementação de projetos comunitários (p.e. programas LIFE) que apoiem tais ações. No que se refere às medidas de mitigação para reposição parcial da continuidade fluvial, nomeadamente a construção e melhoria dos dispositivos de passagem para peixes, embora bastante trabalho tenha sido feito no que se refere à procura de soluções técnicas e naturalizadas para facilitar os movimentos piscícolas para montante, cada vez mais focados em “multi-espécies”, pouco se conhece relativamente aos seus movimentos para jusante, igualmente necessários, sobretudo no caso das espécies diádromas, para completarem o respetivo ciclo de vida. No nosso país, não são conhecidas estruturas próprias e instaladas para o efeito, embora noutros países (EUA, França, Suécia), sejam bastante comuns, nomeadamente os bypasses superficiais e de fundo instalados nas próprias infraestruturas, sobretudo em aproveitamentos hidroelétricos, conjuntamente com canais naturalizados que circunscrevem o obstáculo, permitindo a bi-direcionalidade dos movimentos piscícolas e de outra fauna aquática. A utilização das turbinas como potencial meio de passagem para jusante tem igualmente sido objeto de estudo em vários países, sobretudo na procura de modelos “fish-friendly” (p.e. do tipo parafuso de Arquimedes) que permitam a passagem sem efeitos diretos ou indiretos na respetiva taxa de mortalidade. Neste campo, o desenvolvimento de novas soluções, baseadas em barreiras ou sistemas de orientação seletivos, nomeadamente físicos e comportamentais, capazes de induzir comportamentos diferenciados que façam os peixes divergir eficazmente de locais potencialmente perigosos como as turbinas e encaminhá-los para uma via descendente segura, ou inclusive constituir um filtro à dispersão de espécies exóticas invasoras mas permitindo a passagem das nativas, poderão ter enorme relevância nos próximos tempos.

Este artigo de opinião sucede ao publicado na edição anterior da newsletter (A conectividade fluvial em Portugal I- estado atual).

 

Agenda APRH

Papel
da APRH

Data

Evento

Organizador

21 outubro
2021

Jornadas Técnicas APRH de Hidroenergia 2021

Parceiro

11-12 novembro
2021

XI Congreso Ibérico de Agroingeniería

Coorganizador

6-10 dezembro
2021

X Congresso sobre Planeamento e Gestão das
Zonas Costeiras dos Países de Expressão Portuguesa

Parceiro

21-23 fevereiro
2022

TEST&E 2022

Coorganizador

6-7 junho
2022

6.ª Conferência sobre Morfodinâmica Estuarina e Costeira


Lançamento do Erasmus Mundus em Faro

A APRH é uma das organizações que apoia o Curso de Mestrado Erasmus Mundus em Ecohidrologia que se desenvolve entre 4 Universidades (UAlg, Lodz, Lübeck e Antuérpia). A Sessão de lançamento decorreu na quarta feira dia 6 e a APRH esteve representada, tendo sido apresentados alguns projetos colaborativos para a boa governança da água.

Ssustainability in refugee camps - a comparison between different Middle east countries

22 de outubro

19.º Encontro de Engenharia Sanitária e Ambiental (ENaSB) | 12.ª Jornadas Técnicas Internacionais de Resíduos (JTIR)

Já se encontra disponível Programa do 19.º Encontro de Engenharia Sanitária e Ambiental (ENaSB) | 12.ª Jornadas Técnicas Internacionais de Resíduos (JTIR), que vão ter lugar já nos próximos dias 21 a 23 de outubro de 2021.

Ainda se encontram lugares disponíveis para as MasterClass 1, 2 e 34, que vão decorrer na manhã do dia 23 de outubro de 2021.

16.ª Expo Conferência da Água analisa o que tem corrido mal nas agregações

"Há cinco novas entidades gestoras agregadas, na área da água, que estão a operar desde 2020, mas o caminho até aqui não tem sido isento de obstáculos. Importa, por isso, analisar as dificuldades encontradas no terreno e refletir sobre o que pode ser feito para facilitar a vida a estas novas entidades, que servem um total de 35 municípios.
A 16ª Expo Conferência da Água oferece o palco para este debate, que se realiza no próximo dia 15 de novembro, a abrir o segundo dia de trabalhos.
Diogo Faria de Oliveira, fundador e administrador executivo da Defining Future Options, fará uma intervenção de enquadramento, que versa justamente sobre as dificuldades encontradas pelas entidades gestoras neste processo. As agregações “são uma história muito mal contada politicamente e publicamente”, afirma o consultor, sublinhando, desde logo, a questão da evolução das tarifas cobradas aos cidadãos, um dos temas que estará em foco no painel.
E se num processo de mudança, há sempre imponderáveis, Diogo Faria de Oliveira frisa ainda que “desta vez [estes] foram grandes de mais”, recordando o impacto da pandemia na gestão das novas entidades agregadas, que entraram em operação em janeiro de 2020.
No debate que se segue, moderado por António Carmona Rodrigues, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, participam diferentes municípios, envolvidos em processos de agregação.
Em discussão estarão, para além da questão tarifária, aspetos transversais aos processos de agregação como o IVA do saneamento, a migração de dados ou a profissionalização da atividade."

Outros eventos

Mantenha-se a par dos eventos relacionados com os recursos hídricos, a nível local, nacional e internacional

 

Água da EPAL está cada vez mais transparente. A qualidade da água testada no telemóvel

14 de outubro

#Opinião: A importância da água no setor da agricultura

13 de outubro

ALS Portugal na “linha da frente” na deteção e quantificação de SARS-CoV-2 em águas residuais

12 de outubro

ANIPLA e CAP reforçam importância da prevenção sobre impacto das alterações climática na produção de alimentos

12 de outubro

Indaqua junta especialistas para falar sobre “Valor não percecionado da água”

12 de outubro

Ministro do Ambiente reitera importância de se proteger pelo menos 30% da terra e do mar

12 de outubro

Azoto e fósforo nos solos podem ser fontes de poluição das águas subterrâneas, diz ZERO

11 de outubro

Dados da ERSAR provam níveis de segurança na água distribuída pela Indaqua

11 de outubro

Central do Porto Santo ao nível do “state-of-the-art” da tecnologia de dessalinização de água do mar

11 de outubro

Sintra investe mais de 3,5 milhões de euros em remodelação da rede de abastecimento de água

8 de outubro

Sentinelas da Água

SENTINELAS DA ÁGUA é um projeto piloto de ciência-cidadã da Ocean Alive pela qualidade da água do estuário do Sado. Envolvemos quem vive do mar na recolha de amostras de água e de informação sobre as zonas do estuário com maior influência de descargas. Envolvemos quem estuda a qualidade da água e quem pode informar os decisores na análise e divulgação da informação. O projeto visa contribuir para a melhoria da qualidade da água das pradarias marinhas no estuário do Sado.

Última Aula do Professor Fernando Veloso Gomes

O tema foi: "LITORAL. Dinâmicas, Narrativas, Riscos e Desafios".

Fernando Veloso Gomes é licenciado em Engenharia Civil, pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), mestre em Arquitetura Naval/Engenharia Oceânica, pelo Colégio Universitário de Londres e doutorado em Gestão Costeira, pela FEUP. Professor catedrático na FEUP, foi diretor do programa de doutoramento em Engenharia do Ambiente (PDEA/FEUP) até outubro de 2020. Até ao fim do ano de 2017, foi presidente do Instituto de Recursos Hídricos (IHRH).Durante vinte anos, prestou consultoria para o Ministério do Ambiente em vários projetos relacionados com a gestão costeira e recursos hídricos, incluindo mais de uma centena de reuniões de discussão pública. Foi o coordenador da equipa que preparou os documentos técnicos para a Estratégia Nacional de Gestão Integrada da Zona Costeira em Portugal. (link da notícia)

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