Caros Associadas e Associados, Colegas e Amigos,

Esta semana destaca-se o artigo intitulado “Contributos da APRH para uma sociedade informada e resiliente”, que foi publicado no número mensal de fevereiro do Boletim Informativo da Almargem – Edição Especial Água.

Nesta edição também se evidencia a divulgação de um novo artigo de opinião, intitulado "Principais ameaças à fauna piscícola Europeia", elaborado pela Comissão Especializada de Qualidade da Água e dos Ecossistema (CEQAE). Os peixes de água doce são um dos grupos de animais mais ameaçados no mundo, resultado da multiplicidade de pressões a que as bacias hidrográficas têm sido sujeitas. Devido ao declínio das espécies de peixes tem-se desenvolvida legislação internacional com o intuito de proteger e gerir as redes hidrográficas Europeias, nomeadamente a Diretiva Quadro da Água (2000/60/EC).

Num país com um clima mediterrânico como o nosso, com uma crescente irregularidade na precipitação, a situação de seca em que nos encontramos é preocupante. A situação é mais severa no Sul, mas atinge todo o território nacional. Como temos de inevitavelmente recorrer ao regadio para produzir bens alimentares os impactes deste fenómeno no setor primário podem ser graves, sendo urgente a tomada de medidas para mitigar o impacto da seca.

É ainda de referir que no passado dia 2 se celebrou o Dia Mundial das Zonas Húmidas. As ações que se desenvolvem anualmente neste dia têm como objetivo principal tornar a população mais consciente do papel vital que esta zonas representam.

A APRH mantem o objetivo de ir ao encontro dos interesses dos Associados, continuando a divulgar notícias relacionadas com os recursos hídricos, esperando que estas suscitem uma boa leitura e um desafio à reflexão.

Desejamos a todos um bom fim-de-semana.

A Comissão Diretiva da APRH

 

Principais ameaças à fauna piscícola Europeia

Comissão Especializada de Qualidade da Água e dos Ecossistemas (CEQAE)

Os peixes de água doce são responsáveis por cerca de 40% da diversidade de peixes no mundo e por cerca de 25% de todas as espécies conhecidas de vertebrados. Este grupo de animais é um dos grupos mais ameaçados no mundo, resultado da multiplicidade de pressões a que as bacias hidrográficas mundiais estão sujeitas. Estas pressões têm exercido impactos nefastos nos peixes de água doce, que têm sofrido reduções significativas na sua área de distribuição, muito devido a redução do seu habitat, invasão por espécies exóticas, pesca, poluição e alterações climáticas. Também por causa deste declínio das espécies de peixes, tem sido desenvolvida legislação internacional com o intuito de proteger e gerir as redes hidrográficas Europeias. Digna de nota é a Diretiva quadro da água (2000/60/EC) que tem como objetivo primário atingir o bom estado ecológico de todas as massas de água europeias até 2027 – um objetivo ambicioso mas que já foi revisto, uma vez que a data original para a obtenção deste estado de boa qualidade ecológica era 2015.

A Lista vermelha de espécies ameaçadas da Internation Union for the Conservation of Nature (IUCN) é o maior esforço a nível mundial para avaliar o risco de extinção das espécies tendo em conta as ameaças presentes, passadas e futuras. Analisando as 434 espécies de peixes e lampreias europeias dependentes de água doce avaliadas pela IUCN, foi possível identificar as principais ameaças que afetam estas espécies (Tabela 1). As principais ameaças à fauna ictíica dos sistemas de água doce europeus são: i) barragens e gestão da água, ii) seca, iii) espécies exóticas e doenças e iv) efluentes agrícolas e de explorações florestais –cada uma afetando mais de 100 espécies. Destas destaca-se a ameaça criada pela construção de barragens que afeta mais de 50% de todas as espécies de peixes nativas e quase três quartos de todas as espécies de peixes consideradas como ameaçadas pela IUCN. Estes bloqueios alteram a conectividade natural da rede hidrográfica, levando a uma fragmentação e alteração da dinâmica natural dos sistemas (para mais informação vide A conectividade fluvial em Portugal - I: estado atual – Newsletter APRH nº 158). Este impacto nas espécies de peixes tem recebido atenção da comissão Europeia que incluiu como meta a “libertação” de 25 000 km de rio até 2030 na sua estratégia para a Biodiversidade 2030.

Tabela 1 – Ameaças a espécies europeias de peixes de água doce, de um universo de 434 espécies avaliadas pela IUCN (International Union for the Conservation of Nature). Apenas estão representadas ameaças que afetem mais de 10 espécies de acordo com a avaliação feita pela IUCN. Tabela adaptada de Costa et al. 2021.

Ameaça

Número de espécies afectadas

Barragens e gestão/uso da água

222

Seca

147

Espécies exóticas/doenças

146

Efluentes agricolas e florestais

106

Efluentes domésticos e urbanos

58

Efluentes industriais e militares

52

Pesca e exploração de recursos aquáticos

42

Vias de navegação

13

Material genético introduzido

12

O quadro pintado neste estudo (Costa et al. 2021), mostra ainda que a situação na Península Ibérica (PI) é mais dramática do que a imagem geral da Europa (Figura 1). A maioria das bacias hidrográficas da PI tem mais de 50% da fauna ictíica com um risco muito elevado de extinção, estes dados são ainda mais preocupantes quando se tem em conta que estas bacias têm uma diversidade piscícola muito baixa, e por isso mesmo uma capacidade potencial de resiliência muito diminuída, tendo em conta a previsível reduzida redundância funcional da comunidade. Portugal tem das redes hidrográficas mais fragmentadas por estruturas hidráulicas transversais da Europa. Para prover uma estratégia eficiente de conservação dos peixes de água doce Portugueses, temos de repensar a nossa estratégia nacional de fragmentação e começar por remover estruturas que estejam degradadas ou cuja função já não seja necessária, devendo-se posteriormente apostar no aumento da conectividade longitudinal, implementado soluções eficientes de transposição das barreiras consideradas essenciais (e.g. passagens para peixes adequadas à barreira e às espécies presentes no sistema).

Figura 1 – Distribuição do número total de ameaças potenciais identificadas para todas as espécies de peixes de água doce presentes em cada unidade hidrológica de nível 8 do HydroBASINS, tendo por base a avaliação feita para a Lista Vermelha de espécies da International Union for the Conservation of Nature, e percentagem de espécies ameaçadas (categorias: Criticamente em perigo, Em perigo, Vulnerável). A legenda mostra o primeiro e terceiro quartil e a mediana. Figura adaptada de Costa et al. 2021.

Costa, M. J., Duarte, G., Segurado, P., & Branco, P. (2021). Major threats to European freshwater fish species. Science of The Total Environment, 797, 149105.

Boletim Informativo da Almargem nº25

 

Agenda APRH

Papel
da APRH

Data

Evento

Parceiro

7-8 abril
2022

10as jornadas de engenharia costeira e
portuária da PIANC

Organizador

28-29 Abril
2022

13.º Seminário sobre Águas Subterrâneas -
O papel da água subterrânea na sustentabilidade das
cidades do século XXI

Organizador

20 maio
2022

Workshop "Água, Agricultura e Floresta em Territórios
suscetíveis à Desertificação: desafios e respostas"

Parceiro

21 maio
2022

5ª edição do Dia Mundial da Migração de Peixes

Coorganizador

6-7 junho
2022

6.ª Conferência sobre Morfodinâmica Estuarina e Costeira

Parceiro

21-23 junho
2022

TEST&E 2022

Organizador

29 junho a
1 julho 2022

XX SILUBESA


13.º Seminário sobre Águas Subterrâneas

O papel das águas subterrâneas na sustentabilidade das cidades do século XXI

A escassez, a qualidade e a drenagem da água surgem como questões-chave de interesse público sendo fatores importantes para o crescimento e sustentabilidade das cidades ao redor do mundo. Em meio urbano, as intervenções no subsolo têm impacto i) na recarga e nos níveis piezométricos das reservas hídricas subterrâneas, ii) no transporte e no destino de contaminantes, iii) nas interações entre as águas superficiais e as águas subterrâneas e iv) na estabilidade geotécnica dos terrenos. Acresce que, tendo o nosso país uma maior densidade populacional na faixa litoral, fenómenos de intrusão salina provocados pela sobre-exploração e pela subida do nível médio do mar podem contribuir para a salinização de aquíferos costeiros.

2º WEBINAR do projeto MERLIN

7 de fevereiro

Webinar on "Updates and Advances to the FAO56 Crop Water Requirement Methods"

15 de fevereiro

"FAO56 – “Crop Evapotranspiration. Guidelines to Compute Crop Water Requirements,” published in 1998 and quoted in nearly 35,000 studies, proposed to the irrigation and academic world a comprehensive methodology for computing crop water and irrigation requirements. The objectives of FAO56 were: to ease and add clarity to the calculation of crop water requirements, to expand information for users aiming to optimize water use and management and to improve crop yields, to produce water consumption information usable in collective irrigation systems, and to support measures to control impacts of irrigation on environment and responses to climate change. Science and technology have evolved during the 20 years since FAO56 was published and a number of novelties have furthered the progress on evolving irrigation practices and management. Updating and advancing the domain of crop water requirements responds to the need to incorporate results and practices of innovative science and technology into the FAO56 method, including data handling and data upgrades, more effective use of available research, and use of newer technology tools, including remote sensing or the Internet of Things (IoT). Updates and advances can bring more accuracy into the calculation of crop water requirements, providing better support to precision agriculture, and improving our responses to climate change. The updates andadvances to FAO56 methodology and application that have been presented and discussed in the 2020-2021 Special Issue (SI) of Agricultural Water Management (https://www.sciencedirect.com/journal/agricultural-water-management/special-issue/10ZP66J8B2P) are quite relevant to modernizing management in irrigated agriculture, to the variety of facets involved in environmental upgrades and water demands and supply under climate change, and to increasing water savings in agriculture. These updates and enhancements are expected to improve and expand the application of FAO56 methodologies by a range of users and, in general, by researchers in the domains of land and water management. "

HYDROPOWER EUROPE Online Event: The Important Role of Hydropower in the Energy Transition

23 de fevereiro

Este evento online de 2 horas apresentará resultados e recomendações decorrentes do trabalho dos últimos 3 anos, a partir dos vários eventos de consulta com diferentes stakeholders do setor que levaram à criação da Research and Innovation Agenda (RIA) e do Strategic Industry Roadmap (SIR).

ANPROMIS organiza Congresso Nacional do Milho a 23 e 24 de março em Santarém

O Congresso Nacional do Milho regressa a 23 e 24 de março para a sua XIII edição, a realizar no CNEMA-Centro Nacional de Exposições, em Santarém. A importância da gestão integrada dos recursos hídricos, os novos desafios da alimentação, os mercados mundiais das matérias-primas, o papel da agricultura no modelo de desenvolvimento socioeconómico português e a agricultura portuguesa na PAC pós-2022 são os grandes temas em debate neste fórum incontornável do setor agroalimentar.

Vai realizar-se, de 29 de março a 1 de abril de 2022, o Curso "Modelação de sistemasde águas residuais e pluviais" (MSARP), no Centro de Congressos do LNEC.
Este curso de formação visa proporcionar conhecimentos de modelação matemática em sistemas de águas residuais e pluviais, incluindo uma forte componente prática, assim como orientar na recolha de dados necessários à construção e utilização destes modelos.
O curso destina-se a gestores e técnicos de sistemas de águas residuais e pluviais, consultores, projetistas, prestadores de serviços de inspeção, alunos de mestrado e doutoramento e demais interessados na temática.
O curso terá lugar no Centro de Congressos do LNEC, em Lisboa, nos dias 29 de março a 1 de abril de 2022, entre as 9:30 e as 17:00, com intervalo para almoço das 12:30 às 14:00.

9.º Fórum Mundial da Água - Março 2022 - Dakar, Senegal - Participação de Portugal

Participação Portuguesa nos planos institucional e empresarial, com um grupo de trabalho composto pela Secretaria Geral do MAAC, APA, APDA, ERSAR, Águas de Portugal e PPA, que, com o apoio da AICEP e da Embaixada portuguesa em Dakar, tem vindo a trabalhar nos preparativos. Prevê-se uma delegação de pelo menos 40 pessoas, incluindo convidados do universo lusófono. Estão em preparação sessões no programa oficial do evento enfocadas no espaço CPLP. Está reservado um pavilhão para Portugal (100 m²), de apoio a todos os delegados Portugueses.

6ª Conferência de Morfodinâmica Estuarina e Costeira (MEC2022)

Nos dias 6, 7 e 8 de junho de 2022 terá lugar, no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), a 6ª Conferência de Morfodinâmica Estuarina e Costeira (MEC2022).
Este evento pretende ser um fórum de apresentação de trabalhos de investigação relacionados com a morfodinâmica das zonas costeiras, e de discussão de ideias, conhecimento e informação sobre a zona costeira.
A Comissão Organizadora convida os investigadores e gestores da zona costeira a participar neste evento e a submeter os seus trabalhos para apresentação oral ou em poster.
Envio de resumos (até 2 páginas): 27 de fevereiro de 2022

Outros eventos

Mantenha-se a par dos eventos relacionados com os recursos hídricos, a nível local, nacional e internacional

 

Torres Vedras dá início à obra do Centro para a Sustentabilidade do Mar e Zonas Costeira

3 de fevereiro

AdSA lança empreitada para construção de nova adutora para abastecer a Zona Industrial e Logística de Sines

3 de fevereiro

Ministro do Mar visita startup de Leiria que trabalha na área da aquacultura

3 de fevereiro

Portugal é dos mais afetados pelos eventos meteorológicos extremos associados às alterações climáticas, alerta ZERO

3 de fevereiro

Seca: Agricultores algarvios prevêem “grandes complicações” para a próxima campanha agrícola

2 de fevereiro

Associações do Baixo Alentejo apelam por “ajudas diretas” aos setores mais afetados pela seca extrema

2 de fevereiro

“77% dos habitats de zonas húmidas estão ameaçados em Portugal”, alerta ZERO

2 de fevereiro

APDA assinala Dia Mundial da Água com segunda edição da iniciativa H2Off

1 de fevereiro

Estudo-piloto do Município de Esposende integra programa do webinar “À pesca da sustentabilidade”

1 de fevereiro

Águas de Santo André e Quercus promovem ação de plantação de árvores

31 de janeiro

Falta de água em Campilhas no Alentejo vai prejudicar dois mil hectares

28 de janeiro

A escassez de água no Sul da Europa: desafios e soluções

27 de janeiro

A era dourada dos grandes empreendimentos hídricos já lá vai. A aposta deve agora passar pelo controlo e poupança da água, pela luta contra a poluição e também através da nova economia circular aplicada ao setor hídrico.

Bolsa de investigação do Inst. Superior de Agronomia

Abertura de um concurso para a atribuição de uma Bolsa para estudantes inscritos no doutoramento no âmbito do projeto “AQUADAPT - Ecossistemas fluviais à prova de alterações climáticas para uma gestão sustentável”, a decorrer no Centro de Estudos Florestais do Instituto Superior de Agronomia, financiado por 3º Programa Promove, Fundação La Caixa, para desenvolvimento do plano de trabalhos intitulado “Vulnerabilidade induzida pelo clima de peixes de ecossistemas ribeirinhos semi-áridos”.

"A Sociedade Portuguesa de Ecologia (SPECO) e a Fundação Amadeu Dias têm o prazer de anunciar a abertura de mais uma edição do Prémio de Doutoramento em Ecologia (PDE). Esta iniciativa, lançada anualmente desde 2018, tem como objectivo incentivar e valorizar jovens doutores, de nacionalidade portuguesa ou estrangeira, que tenham contribuído de forma notável para o progresso do conhecimento na área da Ecologia. As candidaturas estão abertas até 15 de Maio e o primeiro, segundo e terceiro classificado receberão, respectivamente, um prémio pecuniário no valor de 3000€, 2000€ e 1000€.""

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