Caros Associadas e Associados, Colegas e Amigos, A seca é uma ameaça à sobrevivência das regiões expostas a este fenómeno natural extremo, pois tem consequências gravosas para as populações e meio ambiente das regiões afetadas, sendo fatal para aquelas onde nada têm e menos gravosa para aquelas que estão melhor preparados. A seca é muito mais que apenas ausência de precipitação. A “Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação nos Países afetados por Seca grave e ou Desertificação, Particularmente em África” define “Seca” por um fenómeno que ocorre naturalmente quando a precipitação registada é significativamente inferior aos valores normais, provocando um desequilíbrio hídrico que afeta negativamente os sistemas de produção dependentes dos recursos da terra. O primeiro desafio de quem lida com secas é comunicá-las, missão exigente, difícil e de grande importância, principalmente, onde esta é frequente, como é caso da região mediterrânica e em Portugal: quando se inicia, qual a sua intensidade, qual a área afetada, qual a duração (fim). Independentemente das Alterações Climáticas, Portugal tem registo de diversas secas relevantes com natural impacto em várias utilizações, abastecimento público, agricultura (mais grave), indústria, turismo e energia (1944-45, 1949, 1953, 1957, 1965, 1975-76, 1981-1982, 1992, 1995, 1999, 2002, 2005- 2006, 2012, 2015, 2017 e 2019). Para mitigar os efeitos das secas e reduzir a escassez hídrica, Portugal, entre várias iniciativas, construiu barragens com albufeiras capazes de alterar o regime hidrológico, que armazenam água em anos húmidos para haver disponibilidade de água para os anos com precipitações inferiores às médias (regularização interanual), melhorou a eficiência hídrica dos sistemas de distribuição de água e incrementou e melhorou a sensibilização da população e dos setores económicos para a necessidade de poupar água. Estas albufeiras tornam o território melhor adaptado às secas, mas é importante gerir com ponderação o conjunto das reservas hídricas disponíveis (superficiais e subterrâneas). A recente gestão hídrica não terá atendido à precipitação escassa ocorrida em Portugal continental, desde o início do ano hidrológico, aos reduzidos escoamentos nos rios e aos baixos armazenamentos nas albufeiras, mas suportada pela necessidade de recorrer à produção hidroelétrica, face à impossibilidade de produzir energia suficiente em território nacional de origem renovável, como a eólica, ou fóssil, através das centrais termoelétricas/carvão, e ao objetivo de reduzir as importações energéticas. Deste modo, agravou- se a descida dos níveis de armazenamento nas albufeiras, das barragens com importantes centrais hidroelétricas (e.g. Alto Lindoso, Alto Rabagão e Castelo de Bode). Estamos numa situação “nova”, isto é, escassez hídrica próxima do final do semestre húmido do ano hidrológico, onde o decréscimo acentuado das reservas nas albufeiras está fundamentalmente associado ao setor energético e não aos consumos, piorando a situação da seca, com consequências perniciosas para as atividades económicas e ambientais. Naturalmente, haverá que assegurar o uso prioritário do abastecimento público, mas recorrendo necessariamente a reservas hídricas estratégicas situadas a níveis mais baixos das albufeiras e, como tal, com pior qualidade. Os impactos nefastos das secas são muito variados e afetam um grande número de pessoas. Portanto, espera-se que as decisões sejam suportadas numa articulação entre os setores e ponderada numa avaliação criteriosa da situação hidrometeorológica, estratégia plasmada na RCM n. 80/2017. Nesta RCM, estão previstos os Planos de Contingência para Situações de Seca, apropriados aos vários setores, onde estão indicadas medidas para redução e poupança de água e propostas, caso seja possível, origens de água alternativas (e. g. ApR). A utilização de Água para Reutilização (ApR) na agricultura é o tema do artigo de opinião em destaque nesta newsletter, preparado pela Comissão Especializada da Água, Agricultura e Floresta, da APRH. Por fim, convida-se, novamente, todos os Associados individuais e coletivos da APRH para partilharem ideias/opiniões, através de notícias ou artigos de opinião (com a dimensão máxima de 1 página A4, a enviar para aprh@aprh.pt). Como habitualmente e sempre com o objetivo de ir ao encontro dos interesses dos nossos Associados, trazemos mais notícias sobre os recursos hídricos, esperando que suscitem uma boa leitura e um desafio à reflexão. Com as melhores saudações associativas, A Comissão Diretiva da APRH |
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O novo folheto da APRH Artigo de opinião Comissão Especializada de Água, Agricultura e Florestas (CEAAF) Água para reutilização na agricultura A nível global, fatores como o rápido crescimento populacional, o aumento significativo do consumo de água nas várias utilizações económicas, o aumento da poluição das massas de água (superficiais e subterrâneas), e as mudanças nos padrões climáticos têm gerado uma procura crescente pelos recursos hídricos disponíveis, com o objetivo de produzir alimentos, energia e matéria-prima para a indústria. Este nível de procura obriga a procurar e recorrer a fontes de água alternativas, como por exemplo, reutilização da água de rega e as águas residuais tratadas, atualmente designadas por Água para Reutilização (ApR). Em Portugal, embora não se verifiquem exactamente as mesmas condições descritas acima, o tema da ApR é incontornável. A possibilidade de utilizar ApR, prevista pelo Decreto-Lei n.º 119/2019, de 21 de agosto, como parte do ciclo hidrológico é uma evidência da contínua adaptação do ser humano ao meio ambiente, que poderá ajudar a minimizar os problemas de escassez de água nas zonas semiáridas, adaptar ao cenário de alterações climáticas e contribuir também para resolver um problema ambiental, associado ao impacto nocivo que a descarga das águas efluentes, provenientes da atividade humana, têm no meio natural (solo e recursos hídricos). O Decreto-Lei define o regime jurídico da produção de água para reutilização e estabelece que as águas residuais tratadas devem ser reutilizadas sempre que possível, de modo a diminuir a pressão sobre os recursos hídricos. Este normativo legal prevê que as águas residuais devem ter um tratamento adequado ao fim a que se destinam e promove a análise do risco da sua utilização (perigo) , tendo em vista a proteção dos recetores através da utilização de barreiras de segurança no tratamento e barreiras físicas para reduzir o contacto com as pessoas e minimizar os riscos de degradação do meio ambiente. Dentre as possíveis utilizações que são dadas à água residual tratada, o sector agrícola tem um peso considerável. O uso ambiental, especialmente as funções de recarga de aquíferos e recuperação de áreas húmidas, e os usos recreativos (especialmente campos de golfe), urbanos (e.g. rega de espaços verdes) e industriais, são outras possíveis utilizações dadas às ApR. Diz-se que o uso de água residual tratada na agricultura é uma opção para o futuro, aumentando a viabilidade técnica e económica das culturas em muitas áreas onde a agricultura é a atividade principal mas, atualmente, é frequente ocorrerem períodos de escassez de água severos. Em Portugal, de facto existem regiões, como o Alentejo e Algarve, onde a escassez de água é uma realidade, e onde a agricultura é a principal atividade económica ou tem enorme relevância, sendo atualmente o Alentejo uma das regiões com maior área de regadio coletivo público, com relevante contributo para a riqueza do país. Tendo em conta que nesta região é onde simultaneamente existe uma forte atividade agrícola, e onde o clima é classificado como semiárido, seria nesta região que a utilização de ApR poderia ter uma maior expressão na resolução da falta de água. No entanto, é uma região com baixa densidade populacional, onde os volumes de ApR não conseguem suprir as necessidades das culturas. Portanto a utilização desta água está muito condicionada aos volumes existentes, podendo ser usada apenas como rega de complemento e, naturalmente, desde que tenha a qualidade adequada ao tipo de produção agrícola. Apesar da importância da procura por fontes de água alternativas e a ApR apresentar vantagens, é necessário refletir sobre alguns desafios sobre a sua utilização na agricultura, de forma a avaliar a sua exequibilidade. Assim sendo, deverão ser ponderados os seguintes fatores:
Face aos vários desafios, o Centro Operativo de Tecnologias para o Regadio (COTR), em parceria com entidades empresariais e de investigação, participa em dois projetos de reutilização de águas residuais, o REUSE e o AQUA-VINI Sustentável, liderados pela Agda - Águas Públicas do Alentejo, S.A., financiados pelo Fundo Ambiental. Estes projetos, permitirão contribuir para o aumento do conhecimento técnico sobre a reutilização de água na rega agrícola, os efeitos desta aplicação no desenvolvimento das culturas regadas e o impacto nos recetores ambientais solo e recursos hídricos, ajudando a ultrapassar os receios associados à falta de informação sobre ApR. Neste âmbito, o COTR integrou ainda o Regional Working Group do projeto SuWaNu cujo objetivo é impulsionar a inovação e a transferência de conhecimento na Europa sobre reutilização segura e económica de águas residuais tratadas em agricultura (https://suwanu-europe.eu/). O envolvimento de equipas multidisciplinares e o desenvolvimento de projetos desta natureza, são essenciais para responder aos desafios da utilização de ApR na agricultura, permitindo, igualmente, informar os consumidores para não desvalorizarem os produtos agrícolas regados com ApR, demonstrando que estes não colocam em perigo a saúde pública nem o ambiente. |
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Agenda APRH
XX SILUBESA: Presidente da Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos fala à ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental) sobre expectativas para o evento Carlos Coelho reforça que o simpósio proporciona a discussão de problemas e desafios que Portugal e o Brasil enfrentam; edição deste ano será realizada entre os dias 29 de junho e 1º de julho, em formato híbrido: presecialmente na cidade de Aveiro, Portugal, e online. Webinar - Desafios e Oportunidades na gestão ibérica da bacia do Rio Tejo 24 de fevereiro O objetivo desta sessão é refletir sobre os desafios comuns para melhorar a gestão integrada ibérica da água na bacia do rio Tejo. Queremos também abrir debate aos participantes para identificar oportunidades de melhoria que sirvam para garantir que os fluxos que passam de Espanha para Portugal sejam adequados para a consecução dos objetivos ambientais de ambos os países e para que a qualidade da água se mantenha até desaguar no Atlântico. 2ª Edição do Curso "Avaliação da condição de coletores com base em inspeção visual (2CIV)" Vai realizar-se, nos dias 24 e 25 de fevereiro de 2022, a 2ª Edição do Curso "Avaliação da condição de coletores com base em inspeção visual (2CIV)", em formato on-line. ERSAR - Conferências de Março - penSAR o futuro A ERSAR – entidade reguladora dos serviços de águas e resíduos – promove a primeira edição anual das “Conferências de Março”, dia 8 de março, no Pavilhão do Conhecimento, no Parque das Nações, em Lisboa. Este é um desafio que lançamos a especialistas nacionais e internacionais para a partilha de reflexões, boas práticas e sugestões de melhoria. 7.as Jornadas de Engenharia Hidrográfica/2.as Jornadas Luso-Espanholas de Hidrografia O Instituto Hidrográfico (IH), órgão da Marinha e Laboratório do Estado, e o Instituto Hidrográfico de la Marina, da Armada Espanhola, organizam a realização das 7.as Jornadas de Engenharia Hidrográfica e 2.as Jornadas Luso-Espanholas de Hidrografia que terão lugar em Lisboa, inseridas nas comemorações do Dia Mundial da Hidrografia. 6ª Conferência de Morfodinâmica Estuarina e Costeira (MEC2022) Nos dias 6, 7 e 8 de junho de 2022 terá lugar, no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), a 6ª Conferência de Morfodinâmica Estuarina e Costeira (MEC2022). |
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Outros eventos Mantenha-se a par dos eventos relacionados com os recursos hídricos, a nível local, nacional e internacional |
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Algarve vai ter a primeira central de dessalinização do continente 11 de fevereiro Obra vai ter um custo estimado de 45 milhões de euros e prevê-se que esteja em funcionamento dentro de três anos. Águas Públicas do Alentejo assina contrato de financiamento REACT-EU Saneamento para construção da nova ETAR de Ermidas-Sado 9 de fevereiro Nova reserva do Barlavento assegura maior resiliência do sistema de abastecimento de água da região 9 de fevereiro REACT-EU: Entidades gestoras apoiadas com 28 milhões de euros para investirem na rede de saneamento 9 de fevereiro 9 de fevereiro Mais de 20 organizações fazem denúncia à Comissão sobre incumprimentos no PEPAC de Portugal 8 de fevereiro Esposende apresenta estudo para intervir na barra e na restinga 4 de fevereiro | |||||||||||||||||||||||||
Curso online | Lixo marinho – consciencializar para atuar O curso faz parte da oferta pedagógica da AULAbERTA da Universidade Aberta, em parceria com o Observatório Oceânico da Madeira (OOM)/Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação, Tecnologia e Inovação (ARDITI), Centro de Ciências do Mar e do Ambiente – polo Madeira (MARE-Madeira)/ARDITI e Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade (CENSE), Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT)/Universidade NOVA de Lisboa. |
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