Caros Associadas e Associados, Colegas e Amigos,

É com entusiasmo e vontade de continuar a partilhar saber e promover a discussão saudável, que regressa a Newsletter da APRH, após o período das “grandes” férias.

Mais uma vez foi um verão muito quente (várias ondas de calor), seco e com falta de água, poderosos incêndios rurais e florestais. com impactos significativos em várias atividades económicas e no ambiente. Foi discutido, nos media e nos ciclos sociais e científicos, o impacto das alterações climáticas, do ordenamento do território, das opções de desenvolvimento do país e do comportamento da sociedade, como fatores influenciadores destes fenómenos de grande magnitude. Muito provavelmente, a realidade atual surge como um resultado de vários fatores, que interagem tornando complexa uma atuação, visando a atenuação e mitigação do impacto destes fenómenos extremos.

O Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia, num relatório atualizado sobre a avaliação da situação de seca na Europa (23 de agosto de 2022), estimou que a Península Ibérica tenha até novembro 2022 “Condições mais quentes e secas do que o habitual” na região euro-mediterrânica ocidental, admitindo que “os riscos podem persistir” e alerta sobre a falta de armazenamento de água em Portugal.

Relativamente a Portugal, o documento assinala que, no país, "a energia hidroelétrica armazenada em reservatórios de água é inferior a metade da média dos cinco anos anteriores". "O armazenamento de água para o regadio está mais difícil”. Mais, na maioria dos casos, espera-se que o armazenamento de água seja suficiente para completar o ciclo de rega das culturas, mas cerca de 25% das albufeiras estão sob défice significativo e podem não satisfazer as necessidades de rega".

As condições de escassez hídrica estão relacionadas com uma ampla e persistente falta de precipitação, combinada com uma sequência de ondas de calor", adianta este serviço comunitário no relatório. É também referido que as regiões mais afetadas pelas anomalias negativas de precipitação entre junho e agosto estão o centro e o sul de Portugal, Espanha, sul de França, centro de Itália, sul da Alemanha, Eslováquia, Hungria e Roménia.

No cenário de fenómenos extremos, persistentes e frequentes, há que ser ambicioso e recorrer a uma mistura de várias medidas de natureza diversificadas e adaptadas à região e ao uso a que se destina (estruturais ou não estruturais). No caso de escassez hídrica poder-se-á recorrer às obras hidráulicas de armazenamento de água, que deverão ser devidamente conservadas e, em alguns casos, reforçadas com o recurso às águas subterrâneas e a origens de água alternativas. Em Portugal, estão em desenvolvimento diversos projetos de novas barragens estratégicas (e.g. aprovação pelo Conselho de Ministros do DL que constitui o Empreendimento de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Crato, com uma recente DIA) e de novas origens alternativas, como a central dessalinizadora da água do mar no Algarve e projetos de utilização de ApR com origem na ETAR de Beirolas (para rega de jardins, lavagem de ruas e rega agrícola). Não esquecer, que as medidas estruturais ou não estruturais serão sempre mais impactantes, quando combinadas entre si, e suportados numa monitorização adequada. Ponderando os vários aspetos, a Comissão da Seca, reunida a 24 de agosto, aprovou novas medidas para mitigar os efeitos da seca https://www.portugal.gov.pt/pt/gc23/comunicacao/noticia?i=novas-medidas-para-mitigar-os-efeitos-da-seca

Hoje, decorreu a reunião entre as Comissões Diretivas da APRH e da ABRHidro com o objetivo de incrementar a sua cooperação, onde foram abordadas várias áreas de ação, como por exemplo, nos eventos técnicos e científicos, nas publicação em revistas científicas, nas fontes de financiamento e na publicação de newsletters “conjuntas”.

Recordamos que estão previstas iniciativas comemorativas dos 45 anos da APRH e para os quais desafiamos os associados e simpatizantes da associação a participarem.

Igualmente, desafiamos os Associados individuais e coletivos da APRH para partilharem ideias/opiniões, através de notícias ou artigos de opinião (com a dimensão máxima de 1 página A4, a enviar para aprh@aprh.pt).

Como habitualmente, trazemos mais notícias sobre os recursos hídricos, esperando que suscitem curiosidade e vontade de partilha de saberes.

Com as melhores saudações associativas,

A Comissão Diretiva da APRH

A Água, o Território e a Música: Os sons da Água na Arquitetura da Paisagem

Organizado pela Comissão Especializada da Água, Território e Cultura (CEATC), da APRH, a Conferência/Tertúlia "A Água, o Território e a Música: Os sons da Água na Arquitetura da Paisagem", terá lugar a 30 de setembro, no Museu Nacional da Música, em Lisboa. Este evento enquadra-se nas atividades a promover pela CEATC e associa-se às Comemorações das Jornadas Europeias do Património 2022.

O evento aborda o tema da Água e do Território numa estreita articulação com o som e a Música na Paisagem. Explora a racionalidade de gestão deste recurso como fator de desenvolvimento e coesão territorial, numa perspetiva global e integrada do ciclo hidrológico, no espaço e no tempo. Recorre-se, para isso, à História particular do ambiente mediterrânico tendo em conta que o binómio disponibilidade/uso em cada realidade concreta traduz um equilíbrio frágil, mas determinante para a vida das comunidades.

Dá-se destaque à condicionalidade de reservas de água na sua relação com o ordenamento do território, focando-se em como esta foi sendo alterada à medida que a intervenção humana artificializou fluxos e generalizou acessos, como indicadores fundamentais de qualidade de vida, mas também abrindo possibilidades de usos e atividades humanas até então inviáveis.

Recorre-se, em paralelo, à abordagem da microescala da arte dos jardins, onde a água tem uma presença indispensável, como promotora de vida. A água é abordada como origem do engenho das soluções de captação, sua condução e distribuição, mas também no contexto do seu uso criativo para deleite e fruição dos sentidos (audição, visão, bem-estar).

Explora-se a sonoridade do movimento da água em cada território, natural ou construído, como elemento de excelência para quem vive o jardim, seja a par dum convívio animado, ou no recato da leitura de um livro. A arquitetura paisagista privilegia também a criação de espaços, normalmente com características cénicas criteriosamente selecionadas, onde o som integra o cenário da paisagem, numa profusão única de sensações múltiplas. Dessa combinação surge, em potência, na escuta de cada um, uma dada musicalidade a que o campo imaterial da composição sonora nos leva, seja no contexto particular da construção do jardim ou, simplesmente, resultante da vivência natural do elemento água nas paisagens que habitamos.

Analisam-se neste evento todas estas sinergias num momento de debate e envolvimento, orientado para uma plateia presencial, que promove a compreensão da relevância da água enquanto recurso fundamental ao desenvolvimento, mas mostrando que a sua gestão tem de ser entendida quer na especificidade concreta de cada território ou lugar, quer no conjunto de territórios que compõem uma nação.

Revista Recursos Hídricos - Volume 43, Número 1

Foi publicado online o número de março da Revista Recursos Hídricos (Volume 43, Número 1 - março 2022), encontrando-se disponível para consulta e download.

Agenda APRH

A Conferência "A Urgência da Água: do Ambiente à Economia" é uma iniciativa conjunta da APDA - Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas e da Direção Regional do Centro e Alentejo da Ordem dos Economistas, que terá lugar no próximo dia 22 de setembro 2022 no Pavilhão do Conhecimento- Centro da Ciência Viva, em Lisboa.

Notícia na Ambiente magazine "APDA debate “A Urgência da Água: do Ambiente à Economia”".

Conferência Estocolmo em Portugal

20 e 21 de setembro

Encontro ao mais alto nível entre os decisores políticos, gestores e ONGA nacionais e internacionais, pretendemos contribuir para a discussão de visões estratégicas de promoção e dinamização da cooperação entre as autoridades públicas e os stakeholders ibéricos.

17.ª Expo Conferência debate as alternativas para a escassez de água

O município de Porto Santo, na Madeira, utiliza água do mar para consumo há mais de 40 anos, salienta uma reportagem da SIC Notícias sobre a central de dessalinização inaugurada no início da década de 80. No continente, a dessalinização de água para consumo ainda é apenas um projeto no papel, mas o estudo prévio para a construção da primeira central na região do Algarve está já na reta final e este será um dos temas em grande destaque na 17.ª Expo Conferência da Água, marcada para os dias 21 e 22 de novembro. Em debate estará o contributo desta central para a resolução dos problemas de escassez de água na região algarvia, face às alternativas existentes, mas também o papel que pode assumir a dessalinização num país em que a seca é já reconhecida como um desafio estrutural.

Outros eventos

Mantenha-se a par dos eventos relacionados com os recursos hídricos, a nível local, nacional e internacional

Economia do Mar: O que é ser pescador em Portugal?

7 de setembro

Novo Verde e Sailors for the Sea Portugal organizam maior limpeza costeira no continente e ilhas

6 de setembro

Municípios da Grande Lisboa mudam jardins, reduzem regas e reutilizam água

5 de setembro

AGROBIO lança segunda edição do Curso E-Learning de Agricultura Aplicada à Metereologia

2 de setembro

Seca na China: Como a seca histórica de um rio na China pode afetar a economia global

2 de setembro

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