Boletim Informativo nº 138 | Janeiro 2010

Debater a Requalificação Fluvial

No passado dia 5 de Fevereiro, a APRH e o CIREF (Centro Ibérico de Restauro Fluvial) organizaram umas Jornadas de debate sobre o tema. Muitas actividades humanas contribuem para a alteração dos sistemas fluviais, nomeadamente da qualidade da água, dos regimes naturais de caudais, dos perfis transversais e longitudinais fluviais. Também nas bacias hidrográficas, as actividades de uso interferem na saúde dos ecossistemas, incluindo urbanização, agricultura e silvicultura. A Directiva Quadro da Água impõe com prazos bem definidos a melhoria ou restauro da qualidade ecológica original, ou próxima, correspondente à dos sistemas ambientais pré-intervenção humana. Porém, muitos restauros fluviais são ainda realizados numa perspectiva humanizada, para satisfação sobretudo das populações humanas e controle dos sistemas fluviais, ignorando a dinâmica hidrogeomorfológica natural dos sistemas fluviais. Trata-se de um tema de grande actualidade, pelas suas exigências técnicas e implicações administrativas.

O Pequeno Auditório do LNEC ficou cheio de uma assistência interessada, que esgotou a lotação da sala, evidência do interesse que o tema desperta. O Prof. Alfredo Ollero, geógrafo, abordou os aspectos  do território fluvial determinado pela dinâmica hidrológica e  geomorfológica; a Drª Lourdes Hernandez, que desenvolveu a importância das ONGs técnico-científicas na melhoria da qualidade dos processos de requalificação;  o Prof. António Pinheiro apresentou alguns casos de estudo de planeamento de restauro ecológico utilizando modelos hidrodinâmicos; o Doutor Jezu Elso descreveu vários casos de restauro de rios de planície em Navarra; a Profª Teresa Ferreira discutiu os vários objectivos ambientais do restauro, a necessidade de avaliar o seu sucesso para uma gestão adaptativa aos objectvos iniciais; o Prof. Nuno Formigo enquadrou o tema do restauro fluvial no planeamento de bacias hidrográficas; a Profª Graça Saraiva descreveu os aspectos perticulares de restauros em rios urbanos; e finalmente o Prof. Rui Cortes descreveu os métodos utilizados na engenharia natural. 

O debate abordou as escalas espaciais a que deve ser feito o restauro fluvial, quais os princípios que o devem nortear, que objectivos de restauro podem existir, tipos e formas de pleneamento de restauro, etc. O final das intervenções foi pautado por debate aceso, nomeadamente com perguntas da admnistração local, regional e central. Ficou no ar a ideia de que este era um tema de debate que valia a pena repetir.

 

 

 

 

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