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Volume 21, Issue 1 - March 2021

 

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Revista de Gestão Costeira Integrada
Volume 21, Issue 1, March 2021, Pages 11-24

DOI: 10.5894/rgci-n336
* Submission: 4 JAN 2020; Peer review: 21 FEB 2020; Revised: 20 OCT 2020; Accepted: 20 OCT 2020; Available on-line: 22 APR 2021

Referenciais verticais baseados no nível médio da água do mar e seus impactos nas zonas costeiras brasileiras - Estudo de caso: Santos, Brasil

Atila Foster Klein Gunnewiek@ 1, Patrícia Dalsoglio Garcia2, Tiago Zenker Gireli3, Jorge Luiz Alves Trabanco4


@ Corresponding author: atilafoster3001@yahoo.com.br
1 Universidade Estadual de Campinas
2 Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Avenida Albert Einstein, 951, Cidade Universitária "Zeferino Vaz", CEP 13083-852 - Campinas - SP, Brasil, Email: pdgarcia@g.unicamp.br
3 Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Avenida Albert Einstein, 951, Cidade Universitária "Zeferino Vaz", CEP 13083-852 - Campinas - SP, Brasil, Email: zenker@fec.unicamp.br
4 Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Avenida Albert Einstein, 951, Cidade Universitária "Zeferino Vaz", CEP 13083-852 - Campinas - SP, Brasil, Email: trabanco@fec.unicamp.br.


RESUMO: Os registros do nível médio da água do mar - NMM - mostram que este tem uma variação tanto temporal, quanto espacial ao longo da costa brasileira. Por isto, a utilização de um datum vertical único estabelecido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, responsável pela confecção das cartas topográficas em todo o país, pode estar prejudicando políticas públicas de cidades litorâneas brasileiras. O presente trabalho utiliza técnicas topográficas e geodésicas para o levantamento de perfis praiais, além de vincular os níveis da água do mar entre Imbituba - SC e Santos - SP, cidade onde se realizou o estudo de caso. Foram utilizados dados de levantamentos topográficos (perfis de praia medidos desde a calçada até profundidades além da zona de rebentação), levantamentos batimétricos e o nivelamento geométrico entre as referências de nível do IBGE e da Marinha do Brasil, ambas localizadas próximas ao local. Os resultados apontaram uma variação de 20,9 cm entre os NM das duas localidades, e de 57,9 cm entre o NM de Imbituba e o NR de Santos. Estas discrepâncias sugerem que uma atualização do sistema de referência vertical brasileiro seja realizada, assim como maior número de estações em diferentes localidades, já que não é possível afirmar que haja uma variação linear no NMM, uma vez que muitos fatores podem influenciar seu comportamento local. Enquanto não há uma modernização deste sistema, é recomendável que se utilize, especialmente nas cidades litorâneas, o NM local, já que manchas de inundação, sistemas de drenagem urbana, obras aderentes ao mar, entre outros fatores, podem ser afetados diminuindo a sua eficácia, ou mesmo alterando o seu funcionamento. Além disso, a correta correlação entre dados topográficos e batimétricos deve ser feita a partir de um nivelamento geométrico, de forma que os dados obtidos nos dois levantamentos possam ser correlacionados a um mesmo referencial de nível. Por fim, a técnica que vem sendo empregada no levantamento topográfico, com o prolongamento dos perfis praiais até à zona de rebentação, mostrou-se capaz de reproduzir esta região com boa precisão, sendo fundamental para computo do balanço sedimentar em regiões que precisam de intervenção devido ao intenso processo erosivo.

Palavras-chave: Nível médio da água do mar; Impactos costeiros; Datum vertical; Referências verticais.

ABSTRACT: The mean sea level (MSL) observations show variation, both temporal and spatial along the Brazilian coast. Utilizing the vertical datum established by IBGE (Brazilian Institute of Geography and Statistics) may be undermining public policies on Brazilian Coastal Cities. This study uses both topographic and geodetic techniques for determining beach profiles, and also linking the sea level between Imbituba - SC (where the reference datum is located) and Santos - SP (where this study was conducted). The method consists in using topographic survey surpassing the surf zone, bathymetric survey and geometric leveling between vertical references of IBGE and Brazilian Navy, both located near the study zone. Results demonstrated a variation of 20.9 cm between the mean sea level (MSL) of both locations, and a variation of 57.9 cm between the MSL of Imbituba - SC and mean low water springs (MLWS) of Santos - SP, with Santos below. These discrepancies indicate that the Brazilian vertical reference system must be updated, utilizing more locations along the coast and longer tidal time series, than the current system is using, since the tide level variation cannot simply be linearized. Until this modernization occurs, using the local tide level as reference is strongly recommended in Brazilian coastal cities, since urban drainage systems, flood range, constructions near or in the sea, among other factors may be affected in such way as to be less effective or even to register changes in its functioning process. Furthermore, the correct correlation between topographic and bathymetric data should be done using geometric leveling, aiming both data sets at the same vertical reference. Finally, the technique used in the topographic survey, which consists in collecting the beach profile data beyond the surf zone, proved capable of representing the region behavior with good precision.

Keywords: Mean sea level; Coastal impacts; Vertical Datum; Vertical references.