Revista de Gestão Costeira Integrada
Volume 21, Issue 2, June 2021, Pages 101-110

DOI: 10.5894/rgci-n406
* Submission: 23 OCT 2020; Peer review: 4 MAR 20 21; Revised: 5 MAR 2021; Accepted: 5 MAR 2021; Available on-line: 26 JUL 2021

Hidrodinâmica da Baía do Lobito. Parte I - Correntes de maré

António Evaristo^{1, 2}, Lígia Pinto^{1 @}, Isabella Ascione Kenov^{1, 3}, Ramiro Neves^{1, 4}

^@ Corresponding author: ligia.pinto@tecnico.ulisboa.pt
¹ MARETEC-Marine, Environment and Technology Centre, Instituto Superior Técnico, LARSyS, Universidade de Lisboa.
² Email: evaristoleao@yahoo.com.br
³ Email: isabella.ascione@tecnico.ulisboa.pt
⁴ Email: ramiro.neves@tecnico.ulisboa.pt

RESUMO: Este trabalho descreve o estudo das correntes de maré na Baía do Lobito Angola, utilizando um modelo de malha fina para o interior da Baía encaixado num modelo de maior escala para a região continental adjacente, de forma a impor a maré a partir dos resultados do modelo FES2004. Foi utilizado um modelo 2D, integrado na vertical, para calcular o escoamento de maré e um modelo 3D baroclínico para estudar o efeito do vento e da estratificação termohalina. Neste artigo - Parte I do trabalho - é descrito o escoamento de maré: escoamento transiente, escoamento residual e o contributo da maré para os tempos de residência. Os resultados do modelo são validados comparando os níveis calculados com dados maregráficos reconstituídos a partir da análise harmónica de níveis medidos no interior da Baía. O modelo mostra velocidades muito baixas, com velocidades transientes da ordem dos cm/s e velocidades residuais da ordem dos mm/s. O escoamento residual devido à maré é dominado por dois grandes vórtices, ocupando cada um deles cerca de metade da baía. Os níveis medidos e calculados são semelhantes, mostrando que a condição de maré imposta (FES2004) na fronteira do modelo é adequada e que a maré no interior da baía está representada corretamente. Os tempos de residência excessivos - da ordem de meses - obtidos nas simulações sugerem que a estratificação das correntes é determinante para a renovação da água da baía. Efetivamente é essa a conclusão da Parte II deste trabalho.

Palavras-chave: modelo hidrodinâmico, correntes de maré, velocidade residual, tempo residência, Baía do Lobito, Angola.

ABSTRACT: This paper describes the study of tidal currents in Lobito Bay, Angola, using a fine mesh model for the interior of the Bay embedded in a larger scale model for the adjacent continental region, in order to impose the tide from the FES2004 model results. A 2D model integrated vertically was used to calculate the tidal flow and a baroclinic 3D model to study the effect of wind and thermohaline stratification. This article - Part I of the work - describes the tidal flow: transient flow, residual flow and the contribution of the tide to the residence time. The results of the model are validated by comparing the calculated levels with tidal levels data reconstituted from harmonic analysis of measured levels within the Bay. The model shows very low speeds, with transient speeds of the order of cm/s and residual speeds of the order of mm/s. Residual flow due to the tide is dominated by two large eddies, occupying each of them about half the bay. The measured and calculated levels are similar, showing that the imposed tide condition (FES2004) on the model boundary is adequate and that the tide propagation inside the bay is represented correctly. Excessive residence times - of the order of months - obtained in simulations suggest that the stratification dominate bay water renewal. Indeed, this is a conclusion of Part II of this work.

Keywords: hydrodynamic model, tidal current, residual velocity, residence time, Baía do Lobito, Angola.