Menu:

 

 

Volume 8, Issue 2 - December 2008

 

Download (248KB, PDF)

 

 

  • Abstract / Resumo
  • References / Bibliografia
  • Citations / Citações

Revista de Gestão Costeira Integrada
Volume 8, Número 2, Dezembro 2008, Páginas 169-181

DOI: 10.5894/rgci141
* Submissão – 21 Julho 2008; Avaliação – 20 Agosto 2008; Recepção da versão revista – 30 Setembro 2008; Disponibilização on-line - 15 Janeiro 2009

Bioecologia do Caranguejo-Uçá Ucides cordatus (Linnaeus) no Complexo Estuarino Lagunar Mundáu/Manguaba (CELMM), Alagoas, Brasil *

Bioecology of the Mangrove Red Crab Ucides cordatus (Linnaeus) in Mundaú/Manguaba Estuarine Lagunar Complex, Alagoas, Brazil

Marina S. L. C. Araújo 1, Tereza C. S. Calado 2


1 - Autora correspondente: marina.ufal@gmail.com. Laboratório de Carcinologia (Labcarci), Departamento de Oceanografia (DOCEAN) /Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Av. Arquitetura, S/N – Cidade Universitária – CEP 50670-901, Recife, Pernambuco, Brasil.
2 - terezacalado@gmail.com. Laboratórios Integrados de Ciências do Mar e Naturais (LABMAR) / Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Av. Aristeu de Andrade, 452 – Farol – CEP 57051-090 – Maceió, Alagoas, Brasil.


RESUMO
Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) (Brachyura, Ocypodoidea, Ucididae), conhecido como caranguejo-uçá, habita tocas no sedimento do manguezal, sendo bastante apreciado na culinária e na confecção de souvenir. Apesar de sua importância, os estudos sobre sua biologia e pesca no Nordeste continuam escassos. O objetivo deste trabalho foi estudar a bioecologia de U. cordatus, no Complexo Estuarino-Lagunar Mundaú/Manguaba (CELMM), Alagoas, Nordeste do Brasil, abordando aspectos morfométricos e crescimento relativo, estrutura populacional e ciclo reprodutivo, além de avaliar seu grau de sustentabilidade. Os exemplares foram coletados pelo método do braceamento no período de agosto de 2005 a julho de 2006. Em laboratório, aferiram-se as medidas largura da carapaça (LC), comprimento da carapaça (CC), e peso úmido (Pu). Foram calculadas a razão sexual e a proporção sexual, e diferenças na proporção sexual foram testadas pelo
qui-quadrado (÷²). A aplicação do teste ‘t’ de Student possibilitou concluir não haver diferença estatisticamente significante entre os tamanhos e pesos médios de machos e fêmeas. A captura por unidade de esforço (CPUE) foi obtida em termos de caranguejos capturados por catador por hora. As relações LCxCC e LCxPu apresentaram um padrão de crescimento alométrico negativo. O período reprodutivo da espécie foi de Janeiro à Maio, com o fenômeno da ‘andada’ sendo observado em Fevereiro. Os resultados da razão sexual (0,50), da proporção sexual (1:1, 02) e do ÷2 (0,04) indicaram uma população numericamente equilibrada, demonstrando não existir diferença estatisticamente significante entre o número de machos e fêmeas. Os exemplares do CELMM encontram-se com tamanho inferior ao registrado para outros manguezais brasileiros, além dos valores da CPUE terem sido baixos, o que sugere um quadro de sobrexplotação da espécie. A influência dos impactos ambientais na população do caranguejo-uçá é discutida, bem como a disponibilidade de outros recursos no CELMM. Conclui-se que a catação da espécie na região atualmente demonstra-se insustentável.

ABSTRACT
Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) (Brachyura, Ocypodoidea, Ucididae), known as mangrove crab, inhabits burrows in the sediment of the mangrove forest, being appreciated in cooking and the confection of souvenir. Although its importance, the studies on its biology and fisheries on the Northeast Brazilian Coast continues scarce. The aim of this work was to study the bioecology of U. cordatus, in the Estuarine-Lagunar Complex Mundaú Manguaba, Alagoas, Northeast of Brazil, approaching morphometric aspects and relative growth, population structure and reproductive cycle, and then evaluating its sustainability. The studied area suffers from a wide diversity of environmental impacts, such as industrial and domestic sewer, deforestation, silting, property speculation and predatory fisheries. Monthly the individuals were manually collected in the period of August/2005 to July/2006 in four stations. In laboratory, carapace width (CW), carapace length of (CL), and humid weight (HW) were taken. The sexual ratio and the sexual proportion were calculated, and differences in the sexual proportion were tested by the qui-square (÷²). The application of Student test ‘t’ made it possible to conclude the existence or not of statistical significant difference between the average sizes and weights of males and females. The capture per unit effort (CPUE) was calculated by the number of crabs collected by fishermen per hour. There were sampled a total of 752 individuals, being 372 males and 380 females. The male carapace width ranged from 11,50mm to 79,40mm, with mean value of 47,38±9,6mm, and length ranging from 8,50mm to 54,00mm, with mean value of 36,20±6,98mm. The female carapace width ranged from 24,65mm to 66,40mm, with mean value of 46,28±7,02mm, and length ranging from de 19,60mm to 52,05mm, with mean value of 35,69±5,41mm. The CWxCL and CWxHW relations presented a standard of negative allometric growth. The reproductive period of the species, based on the presence of ovigerous females, was from January to May, with the ‘andada’ phenomenon being observed in February. The results of the sexual ratio (0,50), of sexual proportion (1:1,02) and of ÷2 (0,04) indicated a balanced population, demonstrating not to exist statistical significant difference it the numbers of males and females. The CPUE values ranged from 4 to 12 crabs/man/hour, with mean value of 8,05±2,47. When compared to others crabs populations already studied in Brazilian estuaries, the analyzed individuals from CELMM were smaller, and the CPUE values were also small, which suggests the overexploitation of the species. The influence of the environmental impacts on the population of U. cordatus is also discussed in the present work, as well as the availability of other resources at the area. It could be concluded that the extractive activity of the mangrove crab isn’t, at the present time, sustainable. Thus, the implementation of a management plan of this resource becomes necessary.


 

ALAGOAS (1980) - Projeto de levantamento ecológico cultural da região das Lagoas Mundaú/Manguaba, 2ª ed., vol II, 605p., Secretaria de Planejamento de Alagoas, Coordenação de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Maceió, AL, Brasil.

Alcantara-Filho, P. (1978) - Contribuição ao estudo da biologia e ecologia do caranguejo-uçá Ucides cordatus cordatus (Linnaeus, 1763) (Decapoda, Brachyura) no manguezal do Rio Ceará (Brasil). Arquivos de Ciências do Mar, 18(1/2):1-41, Fortaleza, CE, Brasil.

Amaral, A.C.Z. & Jablonski, S. (2005) - Conservação da biodiversidade marinha e costeira no Brasil. Megadiversidade, 1(1):43-51, Brasília, DF, Brasil.

Barros. (1976) - Prospecção dos recursos pesqueiros das reentrâncias maranhenses. 120p., Governo do Maranhão/ Superintendência do Desenvolvimento da Pesca de São Luís, São Luís, MA, Brasil.

Blankensteyn, A.; Cunha Filho, D. & Freire, A.S. (1997) - Distribuição, estoque pesqueiro, e conteúdo protéico do caranguejo de mangue Ucides cordatus (Linnaeus, 1763)(BRACHYURA, OCYPODIDAE) nos manguezais da Baía de Laranjeiras, Paraná, Brasil. Arquivos de Biologia e Tecnologia, 40(2):331-349, Curitiba, PR, Brasil.

Botelho, E.B.O., Dias, A.F. & Ivo, C.T.C. (1999) - Estudo sobre a biologia do caranguejo uçá Ucides cordatus cordatus (Linnaeus, 1763) capturado nos Estuários dos Rios Formoso (Rio Formoso) e Ilhetas (Tamandaré), no Estado de Pernambuco. Boletim Técnico-Científico do CEPENE, VII(1):117-145, Tamandaré, PE, Brasil.

Branco, J. O. (1993) - Aspectos ecológicos do caranguejo Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) (Crustacea, Decapoda) do manguezal do Itacorubi, Santa Catarina, Brasil. Arquivos de Biologia e Tecnologia, 36(1):133-148, Curitiba, PR, Brasil.

Calado, T. C. & Sousa, E. C. (2003): Crustáceos do Complexo Estuarino-Lagunar Mundaú/Manguaba, Alagoas. Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas (FAPEAL), 116p., Maceió, AL, Brasil.

Costa, R.S.D. (1979) - Biecologia do caranguejo-uçá Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) Crustáceo Decápode no nordeste brasileiro. Boletim Cearense de Agronomia, 20:1-74, Fortaleza, CE, Brasil.

Eskinazi-Leça, E. (1976) - Taxonomia e distribuição das diatomáceas (Bacillariophyceae) na laguna Mundaú (Alagoas-Brasil). Dissertação de Mestrado, 87p., Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, PE, Brasil.

Gondim, C. J. E. (1996) - Redução dos tamanhos dos caranguejos (Ucides cordatus L.) capturados nos manguezais de Maracanã, zona do Salgado Paraense. Anais do III Congresso de Ecologia do Brasil, p. 260, Brasília, DF, Brasil.

Hartnoll, R. G. (1978) - The determination of relative growth in Crustacea. Crustaceana, 34(3):281-293.
(doi: 10.1163/156854078X00844)

IBAMA/CEPENE. (1994) - Relatório da reunião do Grupo Permanente de Estudos do caranguejo-uçá. 53p. (não publicado).

Ivo, C.T.C. & Gesteira, T.C.V. (1999) - Sinopse das observações do Caranguejo uçá, Ucides cordatus cordatus (Linnaeus, 1763) capturado em estuários de sua ocorrência no Brasil. Boletim Técnico-Científico do CEPENE, VII(1):9-51, Tamandaré, PE, Brasil.

Ivo, C.T.C., Dias, A.F. & Mota, R.I. (1999) - Estudo sobre a biologia do caranguejo uçá Ucides cordatus cordatus (Linnaeus, 1763) capturado no Delta do Parnaíba, Estado do Piauí. Boletim Técnico-Científico do CEPENE, VII(1):53-84, Tamandaré, PE, Brasil.

Leahy, W. de M. (1995) - Estuários e Lagoas. In: Sales, V. (org.). Guia do Meio Ambiente - Litoral de Alagoas, 2ª ed, Secretaria de Planejamento / IMA, Maceió, AL, Brasil.

Lima, I.F. (1990): Maceió a cidade restinga: uma contribuição ao estudo geomorfológico do litoral alagoano. 2ª ed., 255p, EDUFAL - Editora da Universidade Federal de Alagoas, Maceió, AL, Brasil.

Lira, M.C. de A. & Magalhães, E. M. de M (1996) – Composição do zooplâncton do Complexo Estuarino-lagunar Mundaú-Manguaba (Alagoas – Brasil). Boletim de Estudos de Ciências do Mar, 9:31-46, Maceió, AL, Brasil.

Marques, J. G. W. (1991): Aspectos ecológicos da etnoictiologia dos pescadores no Complexo estuarino-lagunar Mundaú/Manguaba, Alagoas. Dissertação de Doutorado, 292p., Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, SP, Brasil.

Melo-Magalhães, E.M.; Lyra, M.C.A. & Cavalcanti, M.O. (1998) - Florações de algas cianofíceas no Complexo Estuarino Lagunar Mundaú Manguaba, Alagoas, Brasil. Boletim de Estudos de Ciências do Mar, 10:1-14 , Maceió, AL, Brasil.

Melo, G. A. S. (1996) - Manual de Identificação dos Brachyura (caranguejos e siris do Litoral Brasileiro. Editora Plêiade / FAPESP, 604 p., São Paulo, SP, Brasil.

Nascimento, S. A. (1993) - Biologia do caranguejo-uça (Ucides cordatus). ADEMA -Administração Estadual do Meio Ambiente, 45p., Aracajú, SE, Brasil.

Nordi, N.O. (1992) – O processo de comercialização do caranguejo-uçá (Ucides cordatus) e seus reflexos nas atividades de coleta. Revista Nordestina de Biologia, 10(1):39-45, João Pessoa, PB, Brasil.

Oliveira, M. A.; Schmidt, A. J.; May, M.; Araujo, S. M. B. & Ferreira, H. M. (2007) - Levantamento da produção pesqueira de caranguejo-uçá (Ucides cordatus) na Reserva Extrativista de Canavieiras - BA. XII COLACMAR - Congresso Latino-Americano de Ciências do Mar, Resumos, Florianópolis, SC, Brasil.

Paiva, M.P. (1997) - Recursos pesqueiros estuarinos e marinhos do Brasil. Editora UFC, 278p., Fortaleza, CE, Brasil.

Pereira-Barros, J.B. (1981) – Variação mensal da salinidade na laguna Mundaú (Maceió, Al) de 1965 a 1978. Seminário de Biologia Marinha, Academia Brasileira de Ciências, p. 238-289, São Paulo, SP, Brasil.

Pinheiro, M.A.A. & Fiscarelli, A.G. (2001) - Manual de apoio à fiscalização do caranguejo-uçá (Ucides cordatus). Centro de Pesquisa e Gestão dos Recursos Pesqueiros do Litoral Sudeste e Sul do Brasil/IBAMA, 43p., Itajaí, SC, Brasil

Pinheiro, M.A.A. & Hattori, G.Y. (2006) - Relative growth of the mangrove crab Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) (Crustacea, Brachyura, Ocypodidae) at Iguape, São Paulo, Brazil. Brazilian Archives of Biology and Technology, 49(5):813-823. (doi: 10.1590/S1516-89132006000600016)

Prahl, H.V.& Manjarrés, G. (1984) - Cangrejos Gecarcinidos (Crustacea; Gecarcinidae) de Colombia. Caldasia, 14(66):149-168, Bogotá, Colômbia.

Saenger, P., Hegerl, E.J. & Davie, J.D.S. (1983) - Global status of mangrove ecosystems. Environmentalist 3 (Suppl. 3):1-88.
Salles, V. (org.) (1995) - Guia do Meio Ambiente – Litoral de Alagoas. 2ª ed., Secretaria de Planejamento: IMA, p 60-65, Maceió, AL, Brasil. (ISBN 85857190306)

Santos, M.C. & Coelho, P.A. (2000) - Crustáceos Decápodos estuarinos do Nordeste do Brasil. Mangrove 2000 - Sustentabilidade de estuários e manguezais, Resumos (CD-ROM), Recife, PE, Brasil.

Santos, R.C. de A.L. (1998) - Estudo sedimentológico e geoambiental no sistema lagunar Mundaú – Alagoas. Dissertação de Mestrado, 127p., Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil.

Schaeffer-Novelli, Y. (1994) - Course on the Integrated Management of Coastal and Marine Areas for Susteinable Development, Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, SP, Brasil (não publicado).

Schaeffer-Novelli, Y. (org) (1995) - Manguezal: Ecossistema entre a Terra e o Mar. Editora Caribbean Ecological Research, 64p., São Paulo, SP, Brasil.

Silva Jr, O.B. & Agra, S.G. (1999) - Estudo do impacto ambiental do projeto de macrodrenagem do Tabuleiro dos Martins: Estudos Hidrológicos. Monografia de Graduação, 126p., Universidade Federal de Alagoas, Maceió, AL, Brasil.

Silva, A.G.S., Rodrigues, C.S.L. & Araújo, R.R.L. (2002) - Projeto Calipso: Educação Ambiental no Complexo Estuarino Lagunar Mundaú Manguaba. Boletim de Estudos de Ciências do Mar, 12:99-111, , Maceió, Brasil.

Silva, C.S. (1994) – Distribuição e abundância da fauna macrobentônica do Complexo Estuarino Mundaú/Manguaba (Alagoas – Brasil). Boletim de Estudos de Ciências do Mar, 8:45-64, Maceió, AL, Brasil.

Silva, C.S. & Pereira-Barros, J.B. (1987) – Inventário da malacofauna do Complexo Lagunar Mundaú/Manguaba, Alagoas. Boletim de Estudos de Ciências do Mar, 6:65-74, Maceió, AL, Brasil.

Silva, C.S. & Silva, C.R.S. (1983) – Comentários sobre a pesca predatória nas regiões lagunares de Alagoas – Brasil. Encontro de Zoologia do Nordeste, Anais, p.119-131, Maceió, AL, Brasil.

Sovierzoski, H.H. (1994) - Nota preliminar sobre a ocorrência de Polychaeta no litoral de Alagoas. Boletim de Estudos de Ciências do Mar, 8:23-28, Maceió, AL, Brasil.

Teixeira, R.L. & Falcão, G.A.F. (1992) - Composição da fauna nectônica do Complexo Lagunar Mundaú Manguaba, Maceió, AL. Revista Atlântica, 14:43-58, Rio Grande, RS, Brasil.

Vasconcelos, E.M.S.; Vasconcelos, J.A. & Ivo, C.T.C. (1999) - Estudo sobre a biologia do caranguejo uçá Ucides cordatus cordatus (Linnaeus, 1763) capturado no Estuário do Rio Curimatau (Canguaretama) no Estado do Rio Grande do Norte. Boletim Técnico-Científico do CEPENE, VII(1):85-116, Tamandaré, PE, Brasil.

Vidal, W.C.L. & Sassi, R. (1998) - Influência do Manguezal na região marinha adjacente à laguna de Jacarapé, João Pessoa, Paraíba, Brasil. In: Maria José Lima da Silva (org.), Iniciados, 4ª Ed., Gráfica e Editora Santa Clara, João Pessoa, PB, Brasil.

Yokoya, N.S. (1995) Distribuição e Origem. In: Schaeffer-Noveli, Y. (org.), Manguezal: Ecossistema entre a Terra e o Mar, cap 2, p.9-12, Editora Caribbean Ecological Research, São Paulo, SP, Brasil.

 

em construção