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Volume 9, Issue 3 - November 2009

 

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Revista de Gestão Costeira Integrada
Volume 9, Número 3, Novembro 2009, Páginas 3-23

DOI: 10.5894/rgci150
* Submissão – 16 Novembro 2008; Avaliação – 15 Janeiro 2009; Recepção da versão revista – 14 Fevereiro 2009; Disponibilização on-line - 7 Setembro 2009

Caracterização dos Recifes de Corais da Área de Preservação Ambiental da Baía de Todos os Santos para Fins de Manejo, Bahia, Brasil *

Characterization of Coral Reefs from Todos os Santos Bay Protected Area for Management Purpose, Bahia, Brazil

I. C. S. Cruz 1, 2, 3, Kikuchi, R. K. P. 3, Z. M. A. N. Leão 3


1 - Autor correspondente: igorcruz@gmail.com
2 - Universidade Federal da Bahia, Instituto de Biologia, Programa de Pós-graduação em Ecologia e Biomonitoramento, Rua Barão de Jeremoabo s/n - Campus Universitário de Ondina - CEP 40170-290 Salvador, Bahia, Brasil.
3 - Universidade Federal da Bahia, Instituto de Geociências, Grupo de Pesquisa em Recifes de Corais e Mudanças Globais, Rua Barão de Jeremoabo, s/n – Federação - CEP 40170-290 – Salvador, Bahia, Brasil. E-mails: kikuchi@ufba.br, Zelinda@ufba.br.


RESUMO
A Baía de Todos os Santos (BTS) constitui uma Área de Preservação Ambiental (APA), área protegida a qual equivale à categoria V da International Union for Conservation of Nature, dentro da zona urbana da cidade do Salvador, na costa do estado da Bahia, a região de maior diversidade de corais do oceano Atlântico Sul Ocidental. Esta área protegida não possui, ainda, um plano de manejo, ferramenta que limita e regulariza o uso dos recursos de maneira a promover a conservação do meio ambiente. Os recifes da BTS estão dispostos em duas regiões com distintos regimes hidrodinâmicos e impactos gerados pela atividade humana. Um grupo de recifes localiza-se na entrada da baía (Externos), diretamente expostos à ação das ondas, e o outro grupo está situado no interior da baía (Internos), sob efeito de uma menor energia hidrodinâmica. O grupo dos recifes internos está mais próximo da cidade do Salvador, com 2,8 milhões de habitantes, e de um pólo industrial. Atualmente o despejo dos efluentes domésticos e industriais, diminuiu, embora não o suficiente para afirmar que houve melhoria na qualidade ambiental . Uma área de proteção ambiental, com um eficiente plano de manejo, poderá ser uma importante ferramenta legal para esta finalidade. Este trabalho tem como objetivo verificar se as diferenças existentes entre os dois grupos de recifes, quanto à comunidade dos organismos macrobentônicos recifais e a comunidade dos corais, justificam a criação de áreas de exclusão de uso, descrita como zona de preservação da vida silvestre em seu decreto, distintas para cada grupo. Os dados foram levantados aplicando-se a técnica do vídeo-transecto. Devido à limitação desta técnica em identificar espécies com baixa abundância, a amostragem foi complementada com a identificação visual, em campo, de todas as espécies de corais presentes em cada recife. As diferenças entre os grupos recifais foram testadas com a Análise de Similaridade, quantificadas com a Análise de Percentual de Similaridade e representadas em gráficos de Escalonamento Multidimensional. Os resultados mostram que os recifes externos e internos são diferentes quanto à comunidade dos organismos macrobentônicos e a comunidade dos corais. Os recifes localizados na entrada da baía diferenciam-se pela abundância das algas calcárias incrustantes e articuladas, e as espécies de corais mais abundantes são as do complexo Siderastrea, Mussismilia hispida, M. braziliensis e Porites branneri. Os recifes localizados no interior da baía possuem maior abundância de esponjas e corais, e a espécie de coral dominante é Montastraea cavernosa e o hidrocoral Millepora alcicornis, assim como as espécies do complexo Siderastrea ocorrem com certa abundância. Essas diferenças são marcantes e justificam a criação de áreas de exclusão de uso distintas para proteger as peculiaridades de cada um dos grupos de recifes. Os resultados deste trabalho foram repassados, como sugestão, à equipe que está elaborando o plano de manejo da APA, juntamente com a indicação de criação de duas zonas de preservação da vida silvestre.

ABSTRACT
Todos os Santos Bay is a Brazilian Environmental Protection Area equivalent to Category V of the International Union for Conservation of Nature, which encloses two groups of coral reefs in the region of the greatest biodiversity in the Western South Atlantic Ocean, the coast of the state of Bahia. This type of Protected Area aims the sustainable use of the natural resources and the biodiversity conservation. The Todos os Santos Bay Environmental Protection Area does not have a management plan, yet, that is a tool for restricting the use of natural resources in order to promote conservation of the environment. In Todos os Santos Bay there are two regions of reefs with different hydrodynamic regimes and human impacts: the reefs located at the entrance of the bay, the outside reefs, which are directly exposed to the wave’s action, and the largest group of reefs that is located inside the bay in a lower hydrodynamic regime. These later reefs are located near Salvador, a city with 2.8 million inhabitants and of an industrial center, with a history of more than 40 years of pollution. Nowadays, dumping of both domestic and industrial wastewater has decreased, although much still needs to be improved, and the area of environmental protection can be an important legal tool to this purpose. This study aims to determine whether the differences between these two groups of reefs regarding the macrobentonic and coral communities justify the creation of an independent No Take Zone for each group. Twenty three stations were sampled, eight in the outside reefs and fifteen in the inside reefs, all during scuba diving, applying the video-transect technique, along six transects per reef station, each 20 m long and 0.21 m wide. Due to limitation of this technique for identifying species with low abundance, sampling was complemented with visual identification of all species of corals in each reef station. The video-transect images were analyzed in the free software VITRA with 20 points per frame. Three matrices were generated, one of the macrobentonic community structure, the second one of the coral community structure and one third of the coral community composition. The qualitative matrix generated by the visual identification of corals was better for the coral species distribution than the quantitative one generated by the video-transect. Differences between the two reef groups were tested with the analysis of similarity. In order to quantify the differences it was used the similarity percentage, and for the graph representation the multi-dimensional scaling. Because the matrices of the macrobentonic and the coral community structures are compose of the same set of data, generated by the analysis of the video-transects, the alpha was adjusted for Bonferroni correction from 0.050 to 0.025. However, for the coral community composition, the alpha was maintained in 0.050 because these data come from the visual identification in the field. The results were significant for both, the coral community structure and the coral community composition. The reefs located at the entrance of the bay are differentiated by the highest abundance of the incrusted and articulated calcareous algae. The most abundant species of corals are the ones belonging to the complex Siderastrea and the species Mussismilia hispida, M. braziliensis and Porites branneri. The reefs located at the interior of the bay have a higher abundance of corals and sponges. The dominant coral specie is Montastraea cavernosa, but the hydrocoral Millepora alcicornis and the Siderastrea complex are very abundant as well. These differences are significant and justify the creation of two independent no take zones in order to protect the peculiarities of each reef group. The results of this study were given as suggestions to the team that is preparing the Todos os Santos Bay management plan, along with the suggestion for creating two No Take Zones.

 

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