Volume 13, Issue 3 - September 2013
Download (441KB, PDF) |
- Abstract / Resumo
- References / Bibliografia
- Citations / Citações
Revista de Gestão Costeira Integrada
Volume 13, Número 3, Setembro 2013, Páginas 343-352
DOI: 10.5894/rgci384
* Submission: 30 November 2012; Evaluation: 23 January 2013; Reception
of revised manuscript: 31 May 2013; Accepted: 27 July 2013; Available
on-line: 7 August 2013
O licenciamento ambiental nas operações portuárias: estudo de caso aplicado aos operadores do terminal Porto Novo no porto organizado do Rio Grande, RS, Brasil *
Environmental
licensing in port operations: a case study applied to operators of
Porto Novo terminal in organized port of Rio Grande, RS, Brazil
Thaís Antolini Veçozzi @, 1, Alexandre Caldeirão Carvalho 1
@ - Corresponding author
1 - Universidade Federal do Rio Grande, Instituto de Oceanografia (IO),
Laboratório de Gerenciamento Costeiro, Rio Grande, RS, Brasil. E-mails:
Veçozzi -thais_antolini@hotmail.com; Carvalho - acaldeirao@gmail.com
RESUMO
O desempenho ambiental, que pode mostrar-se de grande relevância na
competitividade das empresas é resultado, dentre outros fatores, de
exigências legais como o licenciamento ambiental. Como um instrumento
de gestão, o licenciamento é exigido legalmente para empreendimentos
utilizadores de recursos naturais considerados potencial ou
efetivamente poluidores e, em razão disso, é nítida a necessidade de
licença ambiental para operadores portuários. Contudo, no Terminal
Porto Novo do Porto Organizado do Rio Grande esta questão ainda é
controvérsia e não esclarecida legalmente. As discussões sobre o
licenciamento ambiental presentes neste estudo refletem, em parte, o
estado da arte da gestão ambiental portuária e demostram o assunto com
diferentes pontos de vista que constitui o licenciamento ambiental
neste terminal portuário. Sendo assim, expõe a discussão sobre os
vários fatores contribuintes para que esta realidade permaneça
estática, entre eles o fato dos operadores concluírem que suas
atividades estão cobertas pela Licença de Operação do Porto Organizado,
as divergências existentes com relação à competência dos órgãos
ambientais e a deficiência na fiscalização por parte da Autoridade
Portuária. A metodologia utilizada foi a de estudo de caso, aplicada ao
Terminal Porto Novo do Porto Organizado do Rio Grande. Para tal,
primeiramente foram esclarecidos alguns conceitos a respeito de gestão
ambiental, das atividades realizadas por operadores portuários, como se
organiza e a quem compete a administração portuária e o licenciamento
ambiental. Após isso, foram aplicados questionários aos operadores
portuários do Terminal Porto Novo e foi realizada uma entrevista com a
diretora da Divisão de Meio Ambiente, Saúde e Segurança da
Superintendência do Porto Organizado do Rio Grande. Com isso,
concluiu-se que é nítida a necessidade de licença ambiental para
operadores portuários, sendo o mais apropriado delegar esta
responsabilidade ao órgão ambiental estadual, devido aos impactos
ambientais das organizações e empresas instaladas neste Terminal
poderem ultrapassar os limites territoriais de mais de um município, ou
seja, o do Rio Grande e de São José do Norte. Mesmo havendo
contestações, uma indicação ao atendimento desta problemática é o
licenciamento único do Porto Organizado e a configuração da Autoridade
Portuária como órgão licenciador das atividades exercidas dentro de sua
área. Ademais, outra proposta pautável seria a do autolicenciamento,
ideia bastante discutida e apoiada nas esferas federais. Distante do
que é entendido pelos operadores portuários, suas atividades não estão
cobertas pela Licença de Operação do Porto Organizado, pois as
condicionantes desta LO não fazem menção alguma às atividades destes
atores. Uma das considerações mais importantes sobre a questão tratada
é o fato do conhecimento dos órgãos ambientais ainda não estar claro
sobre o limite que separa as responsabilidades entre as Autoridades
Portuárias e os operadores portuários.
Palavras-chave: Licença Ambiental, Atividades Portuárias, Competência institucional.
ABSTRACT
The environmental performance, which may prove very important in the
competitiveness of enterprises is the result, among other factors, of
the legal requirements and environmental licensing. As a management
tool, the license is legally required for users of natural resources
endeavors considered or potentially polluting and, for this reason, it
is clear a need for an environmental permit for port operators.
However, even being a legal obligation, in the case of Porto Novo
Terminal of Organized Port of Rio Grande, the process of environmental
licensing of its port operators is still unclear. The set of
discussions presented in this study demonstrates the factors that
contribute to the current reality of Terminal Porto Novo regarding the
environmental licensing of its operators, reflecting in part the state
of the art port environmental management and highlighting the issue
with different points of view as that constitutes. Thus, exposes the
discussion about the various contributors of this reality, including
the fact that the operators conclude that their activities are covered
by the operating license of the Organized Port, the divergences in
relation to the competencies of the bodies environmental and deficiency
in the oversight by the Port Authority. The methodology used was the
case study, applied to Terminal Porto Novo Organized Port of Rio
Grande. For such, primarily some concepts were clarified regarding
environmental management of activities undertaken by port operators,
how is organized and who is responsible for port management and
environmental licensing. After this, questionnaires were administered
to port operators Terminal Porto Novo and an interview was conducted
with the director of the Division of Environmental Health and Safety of
the Organized Port of Rio Grande Organized. Through the systematization
of information collected, port operators, their activities and the
environmental management of the Terminal were characterized. Thus, it
was concluded that there is clear need for environmental permit for
port operators. Due to the high degree of polluting activities and
natural features of the hydrodynamics of the Patos Lagoon estuary, the
environmental impacts generated by port operators Terminal Porto Novo
can reach two cities, Rio Grande and São José do Norte. Thus, according
to Brazilian law, the competence of the environmental licensing of
these developments should not be delegated to the municipal
environmental agency. Moreover, the municipal government needs major
mobilization in relation to the training of professionals responsible
for the process of issuing environmental permits and inspection of
licensed activities. In addition, jurisdiction over the licensing of
operations developed in the federal area with high pollution potential
should be minimally assigned to the state environmental agency. The
activities of the port operators, far from what is understood by these
actors are not covered by the Operating License Organized Port. In its
period of validity, which is eight years, companies that operate in
Terminal can be changed because their contracts are independent of this
environmental permit. Furthermore, the constraints of this LO make no
mention to the activities of the operators of any port terminals.
According to the Brazilian environmental legislation, environmental
licensing of activities exercised in the Organized Port of Rio Grande
should be left to the federal environmental agency, because of its
domain area is the Union However, IBAMA delegates the licensing of port
operations private terminals to the state agency. Based on this
premise, the licensing of operators installed within Terminal Porto
Novo should keep this line, the most appropriate to delegate this
responsibility to the state environmental agency. The issue is that
knowledge of environmental agencies, whether federal, state or
municipal are unclear about the boundary separating the
responsibilities between the port authorities and port operators. This
situation prevents the full attendance of the issues assigned to them
by the environmental conditions on the basis of the licenses. An
indication paring address this problem is unique licensing Organized
Port and configuration of the Port Authority as the licensing authority
of the activities performed within their area. However, delegate this
task to the Port of Rio Grande could be considered a mistake, due to
the fact of SUPRG owning interest in moving goods made by operators.
Another proposal would be “self-licensing”, idea widely discussed and
supported by the federal, mainly in the Special Secretariat of Ports,
regarding the environmental licensing in Brazil port.
Keywords: Environmental Permit, Port Activities, Institutional Competence.
ANTAQ (2011) – Porto Verde: Modelo Ambiental Portuário
[Edição Atualizada]. 49p., ANTAQ - Agência Nacional de Transportes
Aquaviários, Brasília, DF, Brasil. ISBN 978-8564964013. Disponível em: http://www.antaq.gov.br/Portal/pdf/PortoVerde.pdf
Asmus, M.L.; Kitzmann, D.I. (2004) – Gestão costeira no Brasil: estado atual e perspectivas. Versão Preliminar.
s/p (62p.), Ecoplata - Programa de Apoyo a la Gestión Integrada en la
Zona Costera Uruguaya, Montevideo, Uruguay. Disponível em http://www.ecoplata.org/wp-content/files_mf/
estudiosinopticogestioncosteraenbrasil.pdf
Barbieri, J.C. (2004) – Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 328p., Editora Saraiva, São Paulo, SP, Brasil. ISBN: 8502046616.
Bruyne, P.; Herman, J.; Schoutheete, M. (1977) – Dinâmica da pesquisa em ciências sociais. 84p., Editora Francisco Alves, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Delaney, P.J.V. (1965) – Fisiografia e geologia da superfície da planície costeira do Rio Grande do Sul. 6:1-195, Publicação Especial da Escola de Geologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.
Demore, J.P. (2001) – Aspectos
sedimentares do Estuário da Lagoa dos Patos e sua interação com a
poluição por petróleo: subsídios para um plano de contingência. 30p., Monografia de graduação, Oceanologia, Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, RS, Brasil. Disponível em: http://www.prh27.log.furg.br/site/wp-content/files_mf/1306431619
AspectossedimentaresdoestuariodaLagoadosPatosesuainteracao
comapoluicaoporpetroleo_subsidiosparaumplanode
contingencia.pdf
DHN. (1974) – Atlas de Cartas Piloto do Oceano Atlântico: Trindade ao Rio da Prata. 26p., Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN), Marinha do Brasil, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
DNPVN (1941) – Enchentes de maio de 1941. 61p., Relatório Técnico, Diretoria Nacional de Portos e Vias de Navegação (DNPVN), Porto Alegre, RS, Brasil. Não publicado.
Herz, R. (1977) – Circulação das águas de superfície da Lagoa dos Patos.
722p., Tese de Doutorado, Faculdade de Filosofia Letras e Ciências
Humanas. Departamento de Geografia, Universidade de São Paulo, São
Paulo, SP, Brasil. Não publicado.
Kitzmann, D.I.S.; Asmus, M. (2006) – Gestão ambiental portuária: Desafios e possibilidades. Revista de Administração Pública (RAP), (ISSN: 0034-7612), 40(6):1049-1060, Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro-RJ Brasil. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rap/v40n6/06.pdf
Marroni,
E.V.; Asmus, M.L. (2005) – Gerenciamento Costeiro. Uma proposta para o
fortalecimento comunitário na gestão ambiental. 149p., União
Sul-Americana de Estudos da Biodiversidade, Pelotas, RS, Brasil. ISBN:
8589985067.
Möller, O.O.; Paim, P.S.G.; Soares, I.D. (1991) – Effects and mechanisms of water circulation in the Patos Lagoon Estuary. Bulletin Institute Géologique, 49:15-21, Paris, France.
Seeliger,
U.; Odebrecht C.; Castello J.P. (Eds.) (1998) - Os ecossistemas
costeiro e marinho do extremo sul do Brasil. 341p., Editora
Ecoscientia, Rio Grande, RS, Brasil. ISBN: 8587167014. Disponível em: http://www2.furg.br/instituto/io/ecoveco/ecomidia/livros/
Os%20Ecossistemas%20Costeiro%20e%20Marinho%20do%
20Extremo%20Sul%20do%20Brasil.pdf
Legislação
Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.
Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Publicado no D.O.U. de 2.9.1981, Brasília, DF, Brasil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l6938.htm
Lei Federal 8.630, de 25 de fevereiro de 1993.
Dispõe sobre o regime jurídico da exploração dos portos organizados e
das instalações portuárias e dá outras providências. (Lei dos Portos)
[Revogado pela Lei nº 12.815, de 2013]. Publicado no D.O.U. de
26.2.1993, Brasília, DF, Brasil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l8630.htm
Lei Estadual 11.520, de 03 de agosto de 2000.
Institui o Código Estadual de Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do
Sul e dá outras providências. Porto Alegre, RS, Brasil. Disponível em: http://www.mp.rs.gov.br/ambiente/legislacao/id628.htm
Lei Municipal 6.365, de 21 de março de 2007.
Dispõe sobre o licenciamento ambiental e as sanções administrativas
pelo seu descumprimento no município do Rio Grande e dá outras
providências. Rio Grande, RS, Brasil. Disponível em: http://www.riogrande.rs.gov.br/
pagina/arquivos/lei/lei_6.365_-_licenciamento_ambiental.pdf
Resolução CONAMA 237, de 19 de novembro de 1993.
Dispõe sobre os procedimentos e critérios utilizados no Licenciamento
Ambiental. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), Brasília, DF,
Brasil. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/
res23797.html
Resolução CONDEMA 001, de janeiro de 2011.
Dispõe sobre o Licenciamento Ambiental Municipal das atividades de
preponderante interesse local. Conselho Municipal de Defesa do Meio
Ambiente (CONDEMA), Rio Grande, RS, Brasil. Disponível em: http://www.riogrande.rs.gov.br/pagina/arquivos/arquivo/
4d63a4ea72fa8Resolucao%20COMDEMA.pdf
em construção