Volume 14, Issue 1 - March 2014
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Revista de Gestão Costeira Integrada
Volume 14, Número 1, Março 2014, Páginas 81-94
DOI: 10.5894/rgci448
* Submission: 24 October 2013; Evaluation: 23 December 2013; Reception
of revised manuscript: 15 January 2014; Accepted: 22 January 2014;
Available on-line: 28 February 2014
A Faixa Terrestre da Zona Costeira e os Recursos Hídricos na Região Hidrográfica do Atlântico Sul, Brasil *
The terrestrial coastal zone and the water resources in the South Atlantic Hydrographical Region, Brazil
Ester Loitzenbauer @, 1, Carlos André Bulhões Mendes 1
@ - correspondingauthor
1 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Pesquisas
Hidráulicas (IPH/UFRGS), Av. Bento Gonçalves, 9500 – CEP 91501-970 –
Caixa Postal 15029 – Porto Alegre, RS, Brasil.
e-mails: Loitzenbauer - ester_loi@yahoo.com.br; Mendes - mensdes@iph.ufrgs.br
RESUMO
No Brasil, o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro II delimita a
faixa terrestre da zona costeira, utilizando, principalmente, critérios
administrativos, os limites municipais. Contaminação das águas
costeiras e aumento da intrusão salina são exemplos de problemas que
podem surgir quando a delimitação da área de gestão não contempla o
funcionamento dos sistemas físicos, como as bacias hidrográficas.
Partindo da premissa de que existe uma relação de causa e efeito entre
o uso da terra na bacia e a qualidade ambiental costeira, o presente
estudo analisa a delimitação da zona costeira terrestre da Região
Hidrográfica do Atlântico Sul. A partir do confronto entre a definição
federal e a dos estados com os limites da bacia que drena para o
oceano, propostas são elaboradas para os estados que apresentam
deficiências na integração dos processos físicos com as fronteiras de
gestão costeira. Observa-se que os estados, muitas vezes, não utilizam
a mesma definição proposta pela esfera federal. Os estados do Rio
Grande do Sul, Paraná e São Paulo incluem, de alguma forma,na sua
definição de zona costeira terrestre, o critério da bacia de drenagem.
Somente o estado de Santa Catarina não o considera, e, além disso, usa
uma definição que diminui a delimitação nacional. O estado de Santa
Catarina deve aprimorar a sua definição. Em primeiro lugar, através da
inclusão dos municípios excluídos da definição nacional. Em segundo
lugar,por meio da criação de uma zona de influência costeira, que não
faz parte da zona costeira propriamente dita, mas que seria uma zona
para a integração das políticas ambientais, sobretudo da gestão
costeira com os recursos hídricos. O estado do Rio Grande do Sul,
apesar de considerar a bacia de drenagem na sua definição de zona
costeira, não considera os limites municipais, preconizados pela
definição nacional. As definições dos estados do Paraná e de São Paulo
estão aceitáveis, considerando suas características físicas. Observa-se
a tendência de utilizar definições mais específicas no nível estadual.
Contudo, dos estados analisados, não há nenhuma que possa ser
extrapolada para os outros estados. Cada estado deve considerar
delimitações mais específicas em função das suas particularidades
físicas, sobretudo a área da bacia de drenagem costeira.
Palavras-chave: Gerenciamento Costeiro, Fronteiras de Gestão, Gestão Integrada de Recursos Hídricos, bacia de drenagem.
ABSTRACT
The Brazilian National Coastal Management Plan II defines the
terrestrial stripe of coastal zone using mainly administrative
criteria, namely the municipal boundaries. Pollution of coastal waters
and increase in saltwater intrusion are examples of problems that may
occur when the management boundaries does not consider the physical
systems, such as the catchment basin. The hydrographical basin is the
area that drains the rainwater to the watercourses, following the
geographic and topographic environmental characteristics. Thus, the
hydrographical basin can be set as the unit of environmental
management. Assuming that there is a cause-effect interaction between
the land use in the basin and the coastal environmental quality, this
article does an analysis of the terrestrial coastal zone definition in
the Brazilian South Atlantic Hydrographical Region. The federal coastal
definition is compared with the states definition and with the
hydrographical basin that drains directly to the ocean. Then proposals
for new coastal zone boundaries are made for the states that have
deficiencies in integrating the physical boundaries in the coastal
management boundaries. There are conflicts regarding the territorial
cuts in the integrated management in Brazil. The water resource policy
uses the hydrographical basin as unit; the environmental policy uses
the territorial limits of the federal entities (union, states and
municipality) and the coastal management uses the Coastal Management
National Plan definition and the municipalities as units. In this
context, this article aims to propose a manner to find an intersection
of these territorial cuts, especially between water resources and the
coastal zone. The concept used was that the boundaries of coastal zone
can be the basis for the integration of environmental policies. It was
noted that states often do not apply the same definition as the federal
government. The states of Rio Grande do Sul, Paraná and São Paulo
somehow include in their coastal zone definition the criterion of
drainage basin. Only the state of Santa Catarina does not. Furthermore,
it uses a smaller definition than the national one. The Santa Catarina
state must improve its coastal definition. Firstly, through the
inclusion of municipalities excluded from the national definition,
which has in their territory activities of great environmental impact
(coal mining). Second, by creating a zone of coastal influence (ZCI),
which is not part of the coastal zone itself, but an area for the
integration of environmental policies, especially coastal and water
resources. The ZCI could be defined based in the physical dynamics of
the environmental and the drainage basin. The management strategy of
the ZCI will be different from the coastal zone itself. It will not be
under the rules of the national coastal management plan, i.e., having a
municipal plan of coastal management, but will be an area where the
land and water use should considerer the consequences to the coastal
zone. Environmental licensing and water permits in the ZCI should
observe the cause-effect relation in the coastal zone. The water
permits must control the freshwater inflow necessary to the estuarine
ecosystems and the natural saltwater intrusion in the estuary. The
environmental licensing and the qualitative water permits must be used
to maintain a good water quality in the coastal zone. The ZCI could be
defined based on the Kjerfve (1987) estuary’s definition – in which the
upper estuary is bounded in the tidal penetration. Then, the ZCI would
be the area between the upper limit of the estuary and the coastal zone
(defined by the National Plan of Coastal Management). Although the
state of Rio Grande do Sul observes the catchment basin in its
definition, it do not consider the municipality limits, as recommended
by the national government. The management process becomes complicated
when the instruments of coastal management can be applied only in part
of the municipality territory. The Rio Grande do Sul definition should
be improved by including the municipality criterion. The intersection
between the municipality and the basin criteria should be done by
rounding off. The municipalities with an area of more than 50 % inside
the coastal drainage basin is included in the coastal zone, and the
ones with less than 50% of the area will be not coastal zone. The
Paraná and São Paulo coastal zone definitions are considered acceptable
as it includes the catchment basin and the municipality criteria. It is
observed a tendency to use more specific definitions at the state
level. However, in the states analyzed, there is no definition that can
be extrapolated to other states. Each state should have a specific
definition in terms of their physical peculiarities, especially the
size of the coastal catchment. In the states of Rio Grande do Sul,
Paraná and São Paulo the integrated coastal and water resources
management should be done in the coastal zone, and there is no need for
a zone of integration. Outside the coastal zone, the instruments of
water resources and environmental management should be applied as
usual.
Keywords: Coastal Management, Management Boundaries, Integrated Water Resources Management, drainage basin.
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