Aves aquáticas e gestão da Lagoa de Santo André

Título:

Aves aquáticas e gestão da Lagoa de Santo André

Resumo:

A importância da Lagoa de Santo André para a conservação da biodiversidade tem vindo a ser reconhecida ao longo dos últimos anos (RAMSAR, ZPE, Rede Natura 2000), culminando com a sua inclusão na Rede Nacional de Áreas Protegidas (Reserva Natural das Lagoas de Santo André e Sancha) no ano 2000. Consequentemente, na gestão desta zona húmida costeira é fundamental que se tenha como prioridade a conservação ambiental de forma a manter a importância do sistema como zona de refúgio da avifauna. Assim, as actividades desenvolvidas pelas populações locais (pesca, agropecuária, turismo) nesta área devem ter em atenção os aspectos ambientais referidos, podendo ser adaptadas a novas formas de exploração desta zona costeira (investindo, designadamente, no turismo ambiental), que poderão gerar recursos substanciais tanto para a entidade de gestão, como para as populações. Neste contexto, sobressai a avifauna, que inclui espécies migratórias e/ou com elevado estatuto de conservação, o que foi determinante para a sua escolha como local de anilhagem de aves ao longo dos últimos 30 anos e, neste grupo, as aves aquáticas, cuja importância tem vindo a ser preponderante para a elaboração das regras de gestão desta área protegida. Durante os anos de 2005 e 2006 foi monitorizada a presença destas aves em vários sectores da laguna, através da realização de contagens mensais. Os resultados obtidos, além dos valores elevados registados para diferentes espécies de aves, confirmam a sua importância, no contexto nacional, para o galeirão (Fulica atra). Ressalta também a presença do pato-de-bico-vermelho (Netta rufina), uma das espécies com estatuto de conservação mais elevado. A distribuição das diferentes espécies pelos diversos sectores forneceu indicações sobre a respectiva importância para os diferentes grupos de aves considerados (os “poços” para o mergulhão-pequeno, Tachybaptus ruficollis, e patos de superfície e o corpo central da lagoa para F. atra e N. rufina), quer em termos espaciais, quer ao longo de um ciclo anual (2006). Estes resultados, cuja análise poderá fornecer recomendações importantes para a gestão desta área protegida, evidenciam ainda a utilidade de uma monitorização regular da presença de aves na laguna.

Autores:

Miguel Silveira, Paulo Encarnação, Ana Vidal, Luís Cancela da Fonseca

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