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Esporão (I. groyne)

Estrutura rígida de engenharia costeira, disposta transversalmente ao desenvolvimento da linha de costa, e que normalmente é utilizada na protecção contra a erosão costeira. A função principal é a de reter, pelo menos parcialmente, a deriva litoral, minimizando os problemas de erosão costeira a barlamar da estrutura.

Em geral, os esporões são rectilíneos, mas podem ter forma em T ou em L, ou mesmo mais complexas, como curvilíneas, em Z e ondulada. Por outro lado, a parte superior da estrutura (coroamento) pode estar emersa ou submersa ou ter uma parte emersa e outra submersa. Podem, ainda, ser do tipo permeável (permitindo que a água e algum sedimento os atravesse) ou impermeável (o que reforça a deflecção dos fluxos). Podem ser construídos com materiais diversificados que, conforme o tipo, conferem maior ou menor permeabilidade à estrutura. Entre os materiais que têm sido utilizados referem-se betão, blocos de rocha
(enrocamento),  tetrápodes, gabiões, sacos com areia ou pedras, madeira e metal.

Normalmente, a protecção com este tipo de estruturas desenvolve-se em grupos, designados por campos de esporões. O comprimento, a cota de coroamento e o espaçamento entre esporões são condicionados pela amplitude da maré, pela energia da onda incidente e pelo pendor da praia. A protecção com esporões pode ou não ser conjugada com obras longitudinais aderentes e, em certos casos, com alimentação artificial da praia.

Devido à sua disposição transversal, os esporões interrompem, como se disse, a deriva litoral (pelo menos na fase inicial), o que induz acumulação de areia a barlamar e, consequentemente, confere protecção efectiva às construções aí existentes.


Parte norte do campo de esporões de Espinho – Maceda. Imagem Google Earth.

Por outro lado, pela mesma razão, provocam erosão suplementar a sotamar, o que, normalmente, obriga à construção de outros esporões. Por essa razão, nos trechos costeiros intervencionados existem, geralmente, campos de esporões, isto é, conjuntos, maiores ou menores, de estruturas deste tipo.

Constituem as estruturas mais vulgarizadas de protecção costeira. Devido aos impactes negativos que induzem a sotamar, bem como por razões estéticas, a sua construção é cada vez mais polémica, sendo preferível, com frequência, adoptar outras técnicas de protecção ambientalmente menos agressivas, como as realimentações.

Esporão de Paramos visto de sotamar. Ao fundo é visível a cidade de Espinho bem como outras estruturas deste grande campo de esporões. Foto JAD 2005.

Os primeiros esporões para protecção costeira que foram construídos em Portugal localizaram-se em Espinho em 1911. Correspondiam a duas estruturas transversais, distanciados 90m um do outro, formadas por estacas ligadas por pranchões.Tiveram como objectivo fazer face à forte erosão costeira que aí se estava a registar desde há vários anos, e que tinha provocado a destruição de grande número de edificações. [JAD]