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Espraio ou espraiamento da onda (I. swash, uprush)

Movimentação ascendente da água da onda incidente, após a rebentação, através da face da praia.

Através do espraio a água atinge níveis superiores à da superfície de equilíbrio (nível médio do mar nesse momento), sendo a diferença entre esses níveis designada por “run-up”. A área afectada pelo espraio designa-se por zona de espraio. Com esta movimentação, a energia remanescente da onda é convertida de cinética em potencial. A direcção do espraio é fortemente influenciada pela direcção do vento na altura. Esta movimentação de água transporta sedimentos para a parte superior da face da praia, embora de forma selectiva, pois que as partículas, à medida que o fluxo vai perdendo força transportadora, se vão depositando de acordo com o diâmetro de sedimentação.
Como se estabelece uma situação de desequilíbrio (pois que a água movimentada durante o espraio se localiza acima da superfície de equilíbrio), verifica-se imediatamente a seguir um refluxo (ou ressaca), em que a água, devido à gravidade, se movimenta no sentido contrário, em direcção ao oceano, seguindo o percurso mais fácil, isto é, o de maior inclinação, sendo pouco influenciada pelo vento. Normalmente essa movimentação é perpendicular à linha de costa. Este refluxo tem, igualmente, competência transportadora selectiva de sedimentos, começando por remobilizar apenas partículas mais pequenas, quando a velocidade do fluxo é bastante reduzida, mas que, progressivamente, à medida que a velocidade aumenta, vai podendo transportar partículas cada vez maiores.

A resultante dos processos de espraio e refluxo das ondas tende a concentrar partículas mais pequenas na parte superior da face da praia e partículas maiores na parte inferior. O jogo entre os dois processos, dependente das características da onda incidente, resulta em fases destrutivas  ou construtivas da praia. Nas ondas de temporal o refluxo tem mais competência transportadora do que o espraio, além de que aquele interage fortemente com o início deste, limitando o transporte sedimentar no sentido ascendente. O saldo sedimentar é negativo, ou seja, no sentido do oceano e, consequentemente, verifica-se erosão da praia emersa. Nas ondas de bom tempo, quando estas têm menos energia, o espraio é mais forte do que o refluxo, de forma que se verifica deposição sedimentar na praia emersa.

Por outro lado, como, em geral, o sentido de propagação do espraio é fortemente influenciado pelas direcções da onda e do vento, e o do refluxo é definido pela acção da gravidade, o sedimento transportado segue um percurso zigzagueante, cuja resultante define, embora só parcialmente, a deriva litoral. [JAD]     / Praia